A criação de pássaros silvestres em ambiente doméstico é tradição em nosso país. Mesmo antes de ser criado os órgãos governamentais, IBDF em 1967 e IBAMA em 1989, já se tem notícias de pessoas apaixonadas por pássaros, que praticavam a criação doméstica, principalmente bicudos, curiós e canários da terra.
No passado não se falava em aves ameaçadas de extinção, pois em nossas matas havia abundância de espécies, mas mesmo assim, pessoas aficionadas por pássaros, criavam em suas casas pássaros silvestres, com o intuito de melhorar a genética, acasalavam pássaros considerados bons de canto, pois com certeza seus filhotes seriam tão bons quanto ou as vezes até melhor. “O bom fruto provêm de uma boa semente!"
Nos dias de hoje criar pássaros silvestres em ambiente doméstico, tornou-se um sacerdócio, pois mesmo sem incentivo nenhum dos órgãos governamentais, criadores amadores e comerciais, devidamente legalizados pelo IBAMA, reproduzem os seus pássaros, obstinados pelo senso de preservação das espécies, já quase extinta em nossas matas, em consequência do desmatamento, das queimadas, dos agrotóxicos usados nas lavouras e da poluição dos rios e lagos.
O criador comercial de pássaros, une o útil ao agradável, pois além de fazer o que gosta, no caso a paixão por pássaros, ainda obtém lucros com a venda de filhotes, além de gerar empregos e contribuir com o pagamento de impostos.
Já o criador amador de pássaros, não desiste porque é teimoso e porque tem paixão por pássaros, pois quando digo que é um sacerdócio, me refiro a falta de incentivo do governo na criação de pássaros, nas críticas de algumas ONGs radicais, que sem conhecimento de causa, nos classificam como desclassificados, como traficantes de pássaros. Cabe salientar que os criadores de pássaros legalizados pelo IBAMA, seja amador ou comercial, repudiam veementemente a captura na natureza, a venda ilegal e o tráfico de pássaros silvestres.
Muitas pessoas não imaginam o tratamento e os cuidados que um pássaro recebe de seu mantenedor, seja na alimentação, nas vitaminas, na higiene da gaiola, etc, sendo que muitos tratam seus “alados” como filhos, e todo pai sempre quer o melhor para seus filhos.
Nos últimos anos vem crescendo o interesse e a admiração por pássaros, muitas pessoas procuram os criadores comerciais para adquirir filhotes, seja para iniciar uma criação, seja para participar de torneios de canto e fibra, ou simplesmente como pássaro de estimação para cantar nas varandas das residências ou nas sacadas de apartamentos.
O comércio Pet movimenta anualmente no país, acredito eu, centenas de milhões de reais com a venda de pássaros, gaiolas, sementes, vitaminas, consultas com veterinários, medicamentos, etc, além de gerar milhares de empregos em comércios e indústrias relacionadas ao setor.
As vezes ouço falar em pássaros ameaçados de extinção e concordo em termos, extinto de seu habitat natural, extinto na natureza, devido ao desmatamento, as queimadas, aos agrotóxicos usados nas lavouras e da poluição nos rios e lagos, porque em criadouros comerciais e amadores existe aos milhares. Nos dias de hoje, dificilmente você verá em nossas matas o exemplar de um curió (Oryzoborus angolensis), de um azulão (Cyanocompsa brissonii) ou de um bicudo (Sporophila maximiliani), porém conheço criadores que reproduzem em ambiente doméstico vários filhotes por temporada, contribuindo sobremaneira com a preservação das espécies, fazendo com que no futuro nossos filhos, netos, bisnetos e gerações futuras conheçam e ouçam o cantar desses pássaros.
Uma vez ouvi um senhor idoso falar: “uma casa sem um passarinho, é uma casa triste”. Quem não curte acordar cedo ouvindo o seu pássaro cantando ou chegar em casa do trabalho cansado, estressado devido ao agito das grandes cidades e ouvir a sinfonia de seu pássaro?
A ideologia de todo criador de pássaros silvestres é além de tudo, reproduzir e preservar espécies ameaçadas de extinção, deixando o seu legado para a continuidade no futuro, fazendo desse hobby, uma paixão!
Vilson de Souza.