Orientações básicas sobre criação de curió.

Os curiós são bastante precoces e as fêmeas costumam iniciar sua vida reprodutiva no segundo ano de vida. Há casos de fêmeas que criaram aos 10 meses de idade, mas são exceções. 
Os machos já podem galar no segundo ano, mas dificilmente são aceitos pelas fêmeas antes de adquirirem a definitiva plumagem negra dos adultos.
A temporada de reprodução, embora possa variar um pouco segundo as características climáticas de cada região, vai de setembro a março. Normalmente, as fêmeas se aprontam para a reprodução com a chegada da estação chuvosa, que na natureza é a época da abundância de alimentos.
As fêmeas devem estar em gaiolas criadeiras individuais, arranjadas de forma que uma não possa ver a outra. Se forem muitas, o melhor é distribuir as gaiolas em prateleiras, com uma chapa divisória entre elas. As melhores divisórias são feitas de material não absorvente e lavável, como o poliuretano, o plástico ou a fórmica. 
As fêmeas devem ouvir o canto dos galadores, sem contato visual. Cabe ressaltar que algumas fêmeas ficam fiéis ao canto do ambiente onde foram criadas, não aceitando a côrte de galadores com outro canto. Assim, uma fêmea criada onde o canto dos machos é Paracambi, poderá não aceitar a corte de curiós com canto Praia.
A maioria das fêmeas pode ser estimulada para a reprodução apenas ouvindo a gravação de um CD com o canto do curió. Nesse caso, o melhor é preparar uma gravação que contenha, além do canto propriamente dito, as rasgadas ou serradas típicas dos galadores em cortejamento. Os CDs comerciais com gravações de canto clássico não configuram boa opção para estimular o instinto reprodutivo nas fêmeas.
O galador com o qual se deseja cruzar uma fêmea deve ser mostrado a ela vez ou outra, por alguns segundos, para que cante para ela. Dessa forma o casal vai se acostumando um com o outro e as reações da fêmea nos indicarão o momento adequado para o acasalamento. Quando as fêmeas podem ouvir o canto de vários curiós, poderão acasalar pelo canto com algum deles, rejeitando a côrte dos demais. Esse poderá tornar-se um transtorno para o programa de acasalamentos do criador. Quando todos os curiós do plantel cantam o mesmo canto, a rejeição de um galador torna-se menos provável.
Ainda que seja quase impossível preservar o canto clássico em um curió que se empregue na reprodução, muitos criadores mantêm o galador de canto melhor fora do ambiente de reprodução, empregando outros curiós como cortejadores. 
O curió com melhor qualidade de canto só é trazido para perto da fêmea no momento de efetuar a cobertura, quando ela estiver receptiva à gala, sendo retirado imediatamente após a cópula. Essa prática complica o processo reprodutivo, mas pode ser tentada.
As fêmeas devem estar acostumadas ao consumo de farinhadas com ovos, com rações extrusadas, com sementes pré-germinadas e com todos os alimentos com que se pretende que ela trate dos filhotes. Deve estar disponível, permanentemente, uma vasilha com areia fina e uma fonte de cálcio e fósforo.
Banho de sol e de banheira são essenciais para a saúde dos pássaros. No período em que as fêmeas estão se aprontando para a reprodução, devem ser intensificados. Depois que estiver chocando e até 20 dias após o nascimento dos filhotes, a fêmea não deve ser exposta ao sol. Durante o choco, a banheira com água limpa deve estar sempre disponível, que regulará com os seus banhos, a umidade necessária à eclosão dos ovos.
Na gaiola deve estar disponível um ninho, facilmente encontrado no comércio. Os melhores são confeccionados em bucha vegetal e revestidos externamente com aninhagem ou estopa. A bucha vegetal, além de permitir boa ventilação, facilita a pegada dos pés dos filhotes. Ninhos de corda, por vezes, são muito duros e não podem ser penetrados pelas unhas dos filhotes quando tentam se levantar. Muitas vezes, unhas e dedos dos filhotes se deformam por conta da dureza do ninho. Os ninhos costurados à armação configuram melhor opção, pois podem ser higienizados e reempregados quando necessário. Os ninhos colados à armação descolam se submersos em solução higienizante. Se o ninho for muito raso, em uma saída rápida da fêmea, os ovos poderão ser arremessados para fora. Se for muito largo, dificultará o choco. Uma medida adequada fica entre 7,5 e 8,5 cm de diâmetro com uma profundidade 4,5 cm. O ninho deve ser posicionado em um canto da gaiola e no alto. Deve ficar ligeiramente mais baixo que o poleiro mais alto. Se o ninho for o ponto mais alto disponível, pelo natural instinto de proteção, a fêmea dormira empoleirada sobre ele, defecando em seu interior. Se houver risco de infestação por piolhos, os ninhos podem ser pulverizados, preventivamente, com Piolhaves, do Laboratório Avícola Simões ou com Frontline Spray, da Merial, sem qualquer prejuízo para a saúde dos pássaros.
Nada impede que casais sejam formados e colocados em viveiros ou gaiolões, permanecendo juntos durante todo o período reprodutivo. Essa prática não é usual, pois não permite que um galador de mérito genético superior seja aproveitado com várias fêmeas. Quando se deseja formar casais, o melhor é juntá-los ainda durante o período de muda de penas, quando estão mais sociáveis. Alguns machos tornam-se agressivos com os filhotes quando deixam os ninhos e não se prestam para essa forma de manejo.
Há, ainda, alguns criadores que mantêm os galadores em gaiolas maiores e ao pressentirem o aprontamento da fêmea abrem os passadores e retiram as divisórias, deixando o casal unido até que a fêmea faça a postura do primeiro ovo. Após a postura, o macho é separado e o processo poderá se repetir com outra fêmea. Esse recurso é válido quando não há disponibilidade de tempo para observar o momento adequado para a cópula. Nesse manejo, as gaiolas devem ser maiores, pois a fêmea poderá tornar-se agressiva, havendo necessidade de espaço para que o macho possa fugir. Se o macho for perseguido pela fêmea e não tiver para onde fugir, a briga é certa.
A fêmea deve ter à sua disposição um feixe de raízes de capim, do tipo encontrado nas lojas especializadas, presos nas grades da gaiola. Esse material estimulará a reprodução e nos mostrará, na medida em que ela leve raízes para o ninho, a proximidade do momento adequado à gala. Uma bucha elaborada com uma meada barbante de algodão pode ser pendurada em um local de difícil acesso, no alto da gaiola. Quando a fêmea começar a se pendurar pelo bico, tentando arrancar os fios de barbante, será um sinal de que já deve estar receptiva para a cópula.
A gaiola do macho, ainda com o passador fechado é colocada ao lado da gaiola da fêmea, separada apenas pela divisória. Quando ambos estiverem calmos, retira-se lentamente a divisória. O macho cantará para a fêmea e, se ela estiver receptiva, baixará o corpo, levará a cabeça para trás e elevará a cauda. Nesse momento, há necessidade de sensibilidade por parte do criador. Se a fêmea abaixar, mas continuar com o olhar fixo no macho, provavelmente ainda não aceitará a gala e o processo deve ser repetido com intervalo de algumas horas. Se demonstrar estar completamente receptiva, recolocamos a divisória e, minutos mais tarde, repetimos o processo da retirada da divisória, dessa vez com os passadores abertos. O macho deverá cantar e esperar que a fêmea tome posição. Passará então para a gaiola da fêmea, realizará a cópula e retornará rapidamente para a sua gaiola. Essa passagem exige treinamento prévio do galador, que já deve ter sido manejado em gaiolas criadeiras vazias, de forma que não tenha dificuldade para encontrar os passadores.
Uma galada basta para fecundar toda a postura, mas é usual repetir a cruza, uma vez pela manhã e uma vez à tarde, enquanto a fêmea estiver receptiva. 
Normalmente ela aceita o macho por dois ou três dias. A postura é de 2 ou 3 ovos.
Fêmeas novas poderão ter dificuldade para retirar da alimentação normal a energia necessária ao desenvolvimento da placa incubatória, com aumento da temperatura corporal. Quando isso ocorre, terminam a postura e não iniciam o choco. 
O período de incubação é de 13 dias e os filhotes deixam o ninho entre 12 e 15 dias de vida. 
Devem permanecer com a mãe até os 35 dias de vida. Observar se já estão bebendo água no bebedouro antes de separá-los.
Os filhotes devem ser anilhados com anilhas invioláveis, de 2,6 mm, no quinto ou sexto dia de vida, conforme seu desenvolvimento. 
Normalmente isso não é necessário, mas é possível reforçar a alimentação dos filhotes ministrando papinhas especiais com o auxilio de uma seringa dosadora.
A primeira semana de vida dos filhotes é um período crítico. Ainda não possuem os anticorpos necessários à defesa do organismo e o regulador térmico não funciona a contento. Muitos criadores ministram, preventivamente, durante a primeira semana de vida dos filhotes, um ou outro antibiótico. 
Se tiver uma excelente condição sanitária no plantel não será necessário nenhum medicamento preventivo.
Se tiver problemas com os filhotes, melhor avaliar a saúde do plantel, pois há algo errado. 
Uma causa significativa de mortalidade de ninhegos é a desidratação. Uma solução preventiva é o emprego de sementes pré-germinadas na sua alimentação.
O milho verde também é um ótimo hidratante e regulador das funções intestinais. Mas deve ser oferecido com moderação, pois do contrário a fêmea somente empregará o milho na alimentação dos filhotes, dada a sua palatabilidade. Dessa forma, a nutrição dos filhotes ficaria comprometida pelo alto valor energético e baixo valor protético do milho verde. Ainda corre-se o risco de contaminação do milho por agrotóxicos. Em qualquer caso, o milho verde não poderá permanecer na gaiola por mais de 6 horas, sob pena de desenvolver fungos.
Algumas fêmeas entram novamente no cio e passam a baixar (pedir gala) quando ouvem o canto dos machos, antes da separação dos filhotes. Se houver uma divisória na gaiola, com os filhotes em uma seção isolada, a gala poderá ser permitida. Ela chocará os ovos e tratará dos filhotes nascidos sem nenhum problema. 
Não devemos permitir mais que 3 ou 4 ninhadas por temporadas, especialmente de fêmeas novas, sob pena de levá-las a um estado de esgotamento físico. 
Um problema que se enfrenta em muitas temporadas é o aprontamento das fêmeas antes dos galadores. É fêmea baixando e galadores que não querem galar ou que galavam sem fertilizar os ovos. 
Durante a estação de mudas os machos param de produzir espermatozóides viáveis e voltam a recuperar a fertilidade na estação reprodutiva, quando já estão abertos e cantando muito.
Adote como regra, colocar os ninhos apenas no dia 1º de setembro e retirá-los no dia 31 de março. Os ninhos são mantidos apenas para as fêmeas que ainda estiverem com filhotes em seu interior.
Durante a época da muda de penas ministramos, uma vez por semana, na farinhada, o Muta-Vit da Orlux, na dosagem de um grama a cada 100 gramas de farinhada. Em julho, apenas os machos recebem suplementação com Fert-Vit da Orlux, duas vezes por semana, na água de bebida, na dosagem de um grama a cada 250 mL da água de bebida. Intensifique o manejo com os machos. Mais sol e alguns passeios.
Em agosto, adicione o Fert-vit na farinhada com ovos, na dosagem de um grama a cada 100 gramas de farinhada, diariamente, para todo o plantel. Siga com o Fert-Vit na farinhada até a metade de setembro. Daí, até abril, ministre o Omni-Vit da Orlux, uma vez por semana, na farinhada com ovos, na dosagem de um gramo para cada 100 gramas de farinhada.
Ainda em agosto, apare as unhas das fêmeas e dos machos, segundo as necessidades de cada indivíduo.
Com o passar dos anos o plantel foi se ajustando e não temos mais problemas com muda ou aprontamento fora da época.

Fonte: www.cantoefibra.com.br

Vilson de Souza.

Canto do Curió - O enigma do aprendizado.

Se o amigo criador observar bem, vai notar que:
Quando usamos o curió apenas para galar, a fêmea nas madrugadas, cantam na beira do ninho fazendo o papel do pai e os filhotes acabam assimilando o seu canto. Isto ocorre com a maioria das fêmeas mais fogosas, e de boa qualidade, produto da seleção natural que o próprio criador faz. 
Eu já adquiri filhotes de bons criatórios, com trinta dias de nascido, levei para casa, criei com carinho em ambiente propício e com equipamento de som profissional, e o filhote veio abrindo o arremate. 
No mato, o macho fica no galho próximo ao ninho, cantando para os seus filhotes.
Antigamente, se caçavam quase a totalidade dos filhotes, e alguns aprendiam. Por mais novo que seja o filhote caçado, tinha no mínimo dois a três meses de idade, três meses ouvindo o pai cantar e mesmo assim, com uma vitrola com uma mola retornando o braço que o Sr. Ildo da Penha fabricava, alguns filhotes aprendiam. Outros provindos do nosso nordeste, quase nunca aprendiam a cantar.
Realmente os curiós de algumas regiões tem a tendência no sangue a aprender um determinado canto. O tipo de canto, totalmente diferente como o do praia grande, faz com que tenham uma certa dificuldade no aprendizado. 
Eu comprei uns curiós do finado Raimundo Reis da Bahia, filho do Mossoró, e não consegui encartar a contento o canto praia em seus filhotes. Na primeira vez que ouve o canto regional do nordeste, volta ao canto de seu pai. Basta deixar um dia ouvindo o curió pai cantar, que esquece todo o aprendizado de meses e as vezes, de anos. Mesmo a mistura destes com o curió praia, a tendência é prevalecer o sangue mais forte. 
A mistura do japonês ou negro com qualquer outra descendência, a tendência é nascerem filhos com traços típicos pois são raças tradicionalmente mais fortes, por serem milenares.
Sempre se falou em curió inteligente, cabeça mole e etc, aos filhotes que aprendem a cantar aquilo que apresentamos. 
O fruto da seleção genética tem contribuído para que cada vez saiam mais, filhotes cantando o praia grande clássico. A linha soberano é uma delas. O índice de aprendizado é muito grande, mas dificilmente encontramos curiós desta linhagem, cantando correto por muito tempo. O próprio Junichi e Julio, grandes conhecedores da raça e canto, juizes de curió em São Paulo, afirmam que o curió é pássaro para 4 a 5 anos, porque depois vão perdendo notas. 
A persistência na genética de pais com canto praia é importante, para desfazer esta afirmativa, pois seus filhotes tem a tendência, cada vez mais, a não esquecer e gravar para sempre as notas. A grande dificuldade está no fato de muitos criarem dado a facilidade de criar, farinhadas que se encontram em cada esquina e etc, mas a grande maioria não conhece com perfeição as notas que o curió deve dar, o timbre de voz desejado e etc, e como resultado, vemos poucos curiós aproveitáveis nos torneios de canto. 
Os criadores de curiós com cantos regionais, com certeza levam uma vantagem imensa. 
Na época em que os curiós "Sorocaba" e "Piracicaba", eram valorizados, este problema não existia.
Mesmo no nordeste, Maranhão mais especificamente, já notei curió repetidor com canto regional muito semelhante ao nosso praia grande clássico, com uma nota muito próximo ao samaritá e os seus filhotes encartam o canto praia grande com facilidade. Isto eu vi solto no mato. 
Na Bahia, numa região se não me falha a memória, denominado Nazareth das Farinhas da Ladeira, uma cidade histórica pelos folclores, eu pessoalmente presenciei curiós com o canto muito semelhante ao praia grande.
Então, eu concluo que os curiós de sangue forte, que por milênios ouviram e entoaram a mesma melodia, e canto original ainda por cima, como o vi-te-teu do nordeste, que tem o canto original e não artificial como o praia grande, pela própria facilidade das notas, tem tendência a se impor aos outros, por um motivo ou outro, o filhote deve ter ouvido um determinado canto mais fácil de ser assimilado acaba partindo para o óbvio.
Há de salientar que tudo na vida há exceções. Mesmo o ser humano tem tendência a falar errado, pela própria facilidade e dificuldade da língua portuguesa. Quantos podem se gabar de usar o português correto e clássico, sem gírias ou termos incorretos ou inapropriados? Eu tiro por mim, descendente de orientais, nascido no Brasil, que tenho uma dificuldade natural no aprendizado da língua portuguesa, coisa que não acontece com a língua japonesa. Quando sou convidado a fazer um discurso em português, tenho que dar uma preparada, e pensada, mas quando em japonês, as palavras fluem naturalmente. Faço discursos sem a necessidade de preparar nada antecipadamente.
Embora o Isair afirme que os filhotes só aprendam a cantar após três dias de nascido, eu discordo. A primeira fêmea que eu tive em 1954, foi galada por um curió do vizinho próximo. Era um praia grande, caçado na região de Pedro de Barros que dava inclusive o Kim Kim, mas que tinha assimilado algumas notas de outro pássaro. O vizinho vendeu o curió, quando a fêmea estava no último dia do choco, e o novo proprietário levou para local distante, desconhecido. Os filhotes vieram cantando exatamente o canto do pai, com o defeito e tudo, embora nunca tenha ouvido após o nascimento. Quantos e quantos criadores não possuem exemplos similares? A fêmea foi caçado na região de Parelheiros, na época era permitido, de canto origem santo amaro, conhecido pelos antigos de curió bico de machado, que em nada se assemelha ao praia grande. Era uma curiola de porte majestoso, bico enorme como o bicudo. Muitos falam que os pássaros aprendem no ovo. Eu conheço um senhor de nome Arlindo, na região de Parelheiros, que era caçador de curiós Santo Amaro. Quando a fêmea estava chocando, o mesmo caçou o pai, e os filhotes vieram com o mesmo canto do pai, embora na região não existisse mais curiós. 
Por enquanto a criação de curiós é um mistério. Não é uma ciência exata. Ao contrário do bicudo do norte, que desvirtua um pouco o canto, numa muda de penas, é possível fazer retornar ao canto original, com o curió o mesmo salvo raríssimas excessões isto não acontece, talvez por ter um canto quase que totalmente artificial. Os criadores de bicudo levam uma grande vantagem neste aspecto.

Escrito por Katsuhito Wada.

Vilson de Souza.

Curió Professor - A saga de um campeão!

O "Curió Professor", pássaro que cantou e encantou Brasil afora. Este curió foi mais uma Obra de Deus em nossas vidas, nasceu no dia 18 de dezembro de 2005, na cidade de Terra Boa, Estado do Paraná. Usava a anilha nº 0955, era oriundo do Criadouro dos amigos Luiz Aparecido Chiare e Márcio Fabiano Chiare. Foi criado no Palito na cidade de Cianorte-PR, pelo então tratador e amigo Seco Mala, o qual ministrou aulas de canto desde o nascimento, ouvindo repetidas vezes Cd Ana Dias Selo Prata 30 Anos, na seqüência (três Plios), (quatro x 3-3-4) e (uma x 3-3-4-3-3-4) em tempo determinado: (10x10), instrução esta que foi permanente tanto em sua fase inicial como adulta.
Sua trajetória foi marcante, tendo em vista seu breve tempo de vida, diz o amigo Seco Mala que esta ave era apenas um filhote já chirriava aos 11 dias de vida dentro do ninho, o que vem a contribuir ainda mais para sua magnífica e brilhante história. 
Quando o "Curió Professor" tinha dois meses e meio de vida, já separado lá nos Chiare e em continuo treinamento, o compadre e amigo César Luiz Coser de Maringá-PR com sua percepção apurada o ouve chirriando e marcando bem as notas e acaba por adquirir este curió filhote, que sem saber, viria a escrever sua história tornando-se um dos maiores curiós do Brasil.
César o levou para Maringá-PR e logo notou que o Curió Professor era um prodígio, com pouco tempo, ele já se destacava no meio de outros pardos, demarcou seu território e abriu canto precocemente aos 90 dias de vida, já com ótima voz, andamento e melodia de arrepiar, porém não gostava muito de repetir nesta fase, ficava muito entre 1, 2 e três samaritás, o que nos leva á crer que treinou bastante esses módulos menores, levando-o acerta firmeza na colocação das notas, bem César continuou dando à devida atenção ao bichinho que ao completar nove meses de vida já cantava com voz mais aberta e com séries maiores de repetição, chegando até nove samaritás, variava batidas de praia ficando entre três e oito tanto em passagens como em arremates e já tinha à capacidade de finalizar 80 % das cantadas emitidas. César semanalmente estava em Cascavel-PR e sempre trazia gravações do "Curió Professor", quando eu não ouvia gravação dele logo dava um jeitinho e ligava ao César para ouvir o curió por telefone. Bem, a partir desta fase o compadre começou a levá-lo em alguns torneios do estado de São Paulo. 
Ainda pardo César o levou em três Torneios naquele estado de pasmem, nos três torneios em que levou o "Curió Professor" conquistou três primeiros lugares. Aí então combinamos de ir a um torneio juntos, no sábado pela manhã, sai de Cascavel-PR rumo a Maringá-PR e quando chego lá César resolve puxar o "Curió Professor", sendo que eu nunca havia escutado ele ao vivo e sim apenas em gravações ou por telefone, como já mencionei anteriormente, pois bem - eu já sabia que ele era muito bom, mas minha surpresa foi tamanha ao escutar ao vivo que logo exclamei: “Que cantoria, (conjunto), ótima voz, andamento e melodia”, bem, confiantes na cantoria do curió, arrumamos os apetrechos de viagem, carregamos o aparelho de som, o curió e botamos o pé na estrada, já no domingo dia do torneio em Ourinhos-SP, resolvemos que eu iria puxá-lo na estaca, então chegou o momento e o fiz, embora muito jovem na época, pois só tinha 10 meses de vida e não demonstrando medo algum, simplesmente ele pialou, pialou, pialou e começou a cantar na “surdina“ como de costume, logo preenchia o recinto com sua voz limpa, melodiosa e harmônica. À medida em que sua apresentação avançava, aumentava também nossa ansiedade e o silêncio ia tomando conta do local lentamente. O pessoal ali presente então já com os sentidos aguçados experimentou um estado de espírito de maravilha, encantamento, deleite, o que agradou inclusive aos ouvidos mais exigentes do meio. Neste momento devido ao ótimo desempenho e identificado então um tipo raro de qualidade e que a tempo não se via, tínhamos à certeza de que surgia um novo Campeão que ao término de sua belíssima apresentação fora ovacionado pelo público presente, nos causando muita satisfação e aquela sensação de dever cumprido.
Bem, logo depois deste episódio, acabei adquirindo o "Curió Professor", mantendo-o em rédea curta durante exatamente dois anos, período em que teve total prioridade, eu o mantinha sempre isolado, longe de pardos e ou passarinhos que apresentassem qualquer deficiência e isto tudo somou para torná-lo um pássaro ainda mais sério. Sua instrução auditiva continuava a mesma até então. 
Com o tempo veio o amadurecimento – puxava ele em estacas dia sim dia não e ao menos uma vez por semana eu o levava passear de carro – o que por sinal ele gostava muito, pois ao término de cada volta ele crescia bastante e nos permitia sempre um show à parte. Nesta fase o "Curió Professor" foi aperfeiçoando ainda mais sua cantoria e aumentou significativamente suas séries de repetição, chegando a atingir cantadas de até 21 samaritás, neste momento pensei em mudar o Cd dele que emitia séries mais curtas, porém não o fiz e isso viria ocorrer um pouco mais a frente. Enfim, desta forma pude também contribuir para sua evolução, porém o mantivera fora do circuito de torneios.
Em agosto de 2008 o "Curió Professor" novamente muda de mãos, voltando automaticamente ao antigo proprietário: o Compadre César – Para mim à separação deste curió não foi tão cruel, pois César morava em Cascavel-PR, nesta época, então eu ouvia o "Curió Professor" cantar praticamente todos os finais de semana, então eu e César como conversávamos muito sobre as instruções do "Curió Professor", decidimos em conjunto que chegara a hora de mudar o Cd dele e começamos a ministrar então o mesmo CD Ana Dias Selo Prata 30 Anos, porém na seguinte seqüência: (três Plios), (três x 3-3-4), (uma x 3-3-4-3-3-5) e (uma x 3-3-4-3-3-5-3-3-6) em tempo determinado: (3x18), instrução esta que seguiu continuamente desde então. César então decide participar dos torneios na temporada de 2009, como o curió aumentará suas séries de repetições e tinha disposição para cantar em qualquer lugar, César começou então a levá-lo novamente a torneios conduzindo-o de forma brilhante nas etapas em que participou. Logo nos primeiros torneios em que participou já foi cantando sempre na ponta, distanciando-se na pontuação o que o levaria a conquistar então seu Primeiro Campeonato Brasileiro e posteriormente também se sagrando Campeão dos Campeões, logrando os primeiros lugares nas duas etapas, fato raro e que o projetou entre os grandes curiós do Brasil, inclusive com astúcia por ser o primeiro curió do Sul a conquistar tal feito. 
Já no ano seguinte e agora em posse de seus novos treinadores: os irmãos gêmeos Renato e Reinaldo Souza da cidade de Itajaí-SC, que continuaram manejando o "Curió Professor", exatamente da mesma forma que fazíamos aqui no Paraná, portanto com muito esmero o conduziram novamente ao título de Campeão Brasileiro 2010, sendo que nesta temporada passaram por um grande susto, pois sofreram acidente no percurso, arrumaram carro emprestado e de carona para poder cumprir mais uma etapa. 
Vale ressaltar que o "Curió Professor" ficou em primeiro lugar na Segunda Etapa do Torneio dos Campeões nesta temporada de 2010, na cidade de Camboriu-SC.
Já na Temporada de 2011 o "Curió Professor" vinha muito bem, liderava o Campeonato e inclusive nos proporcionou outro show à parte em Guarujá-SP em 02 de outubro de 2011, continuou participando nos torneios, porém não estava apresentando todo o seu potencial. 
O "Curió Professor" parecia sentir o stress de três anos consecutivos com o pé na estrada. Enfim, participou ainda da antepenúltima etapa na cidade de São José do Rio Preto-SP, neste momento ele já estava sentido algo e não parecia mais um pássaro feliz, mesmo assim ainda viajou para a cidade de Marília-SP, onde viria a participar da penúltima etapa do Campeonato, etapa esta que fatalmente seria à última de sua breve vida, pois, neste dia ele estava bem debilitado e os gêmeos Renato e Reinaldo Souza acabaram resolvendo que não participariam deste torneio para poupar e cuidar dele, o "Curió Professor" foi medicado e teve uma instantânea melhora, tanto é que logo em seguida já subia a maritaca e cantava como se nada tivesse acontecido, mas, infelizmente nos parece que esta melhora seria aquela que muitos de nós já ouvimos falar: a “melhora da morte”, pois teve uma melhora súbita em seu estado geral e acabou vindo a óbito horas depois este grande Fenômeno chamado "Professor" que nos deixou no dia 27 de novembro de 2011. O que em parte nos conforta, é que o guerreiro "Professor" lutou até o seu último suspiro, ficamos todos sem chão com a sua morte precoce, sem respostas – porém temos certeza que Deus não tirou ele da gente para nos punir por algo que fizemos e sim porque era sua hora, bem como ele foi precoce em sua chegada também o foi em sua partida, desta forma e já ausente deste plano, ainda continuava liderando o Campeonato, porém o "curió Universo", que também havia proporcionado belas apresentações durante o decorrer deste Campeonato, acabou conquistando um quinto lugar na última etapa que participará na cidade de Piracicaba-SP e com a posição alcançada, sagra-se Campeão Brasileiro de 2011.
Não custa dizer aqui que às conquistas do "Curió Professor", para nós dos estados do Sul, tiveram um gosto muito especial, pois calculamos que este exemplar percorreu na faixa de 90.000 km em três Temporadas, ou seja, o equivalente à quase três voltas em torno do planeta terra, além disso, as despesas e os riscos foram maiores e por tudo isso suas conquistas se tornaram tão especiais para nós.
Ainda gostaria de relatar, que ao longo desses dois anos em que o "Curió Professor" fez parte da minha vida, não passei um dia sequer triste – pois ele me proporcionou muitos momentos felizes, alegrando a minha vida, teve à capacidade de me sensibilizar e levantar o meu moral, mesmo nos meus piores dias. 
Bem, dito tudo isso, deixo aqui à minha homenagem e o meu agradecimento a este magnífico curió chamado Professor, "in memoriam", a você meu grande amigo, deixo minhas palavras: “Que sinto saudades, que seu canto esta gravado na minha mente e que todas às suas proezas neste plano, ecoam na eternidade, tenho certeza que está nas alturas ao lado de outros grandes campeões e que vem sendo muito bem cuidado pelo nosso Criador. Continue entoando sua canção aos anjos dos céus – e um dia iremos nos reencontrar, mas não agora.
O "Curió Professor" nos serve como exemplo e referência de estilo, balanço e melodia, um grande astro dotado de musicalidade, capaz de seduzir e tocar nossas almas. Agradecimentos também a todos que fizeram parte desta história, desde a criação a treinamento e condução: Luiz Aparecido Chiare, Márcio Fabiano Chiare e Seco Mala,César Luis Coser, Hilânio Nereu Loeff Júnior, Renato Souza e Reinaldo Souza.

Escrito por Hilânio Nereu Loeff Júnior.

Vilson de Souza.

Os cuidados no manejo de seu curió.


Todo mantenedor de curió deve tomar alguns cuidados com seu pássaro, disponibilizando parte de seu tempo para lhe proporcionar conforto e confiabilidade, fazendo com que o seu curió sinta-se seguro ao seu lado e encontre em você um amigo dedicado e comprometido, que visa sempre o bem estar e a vida saudável de seu “alado”.

Para quem quer ter um curió de qualidade, deve necessariamente tomar os seguintes cuidados, considerados básicos e essenciais:

1. A gaiola.
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Usar uma gaiola de madeira nº 5, 6, ou maior, dispondo de três poleiros e um dorminhoco, de diferentes diâmetros, de madeira ou material similar que permita o pouso equilibrado do curió. Os diferentes diâmetros dos poleiros são para que o pássaro ao pousar, movimente os dedos e evite a calosidade nos pés. Eu costumo usar poleiros frisados de 8, 10 e 12 milímetros.
Os comedouros da gaiola podem ser de cocho alto ou cocho baixo, ficando a critério da preferência do mantenedor.
A manutenção da gaiola deve ser diária, evitando assim o acúmulo de fezes, o que poderá causar doenças ao pássaro. O fundo da gaiola deve ser forrado com papel toalha ou similar. Eu costumo revestir o fundo da gaiola com “papel contact autocolante”, você encontra a venda em Livrarias e Papelarias. O papel contact autocolante dispensa o uso de papel toalha, o que torna mais fácil a limpeza do fundo da gaiola.

2. A alimentação.
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Uma alimentação balanceada proporciona ao pássaro, bem estar e uma vida saudável. 
Servir ao curió mistura de semente de boa qualidade, de preferência adquirir em comércios que vendem produtos para pássaros, que tenha uma boa rotatividade na venda de sementes, isso evita que você adquira sementes estocadas a muito tempo, que poderá estar mofa e com fungos, o que pode prejudicar a saúde de seu pássaro.
Servir também, um pequeno comedouro com ração extrusada, como um complemento alimentar.
Servir ao pássaro verduras, tipo: talo de couve, almeirão ou espinafre, no mínimo três vezes na semana. Eu costumo servir três dias por semana, segunda, quarta e sexta feira, cada dia um das verduras citadas acima. Servir milho verde ou pepino, a cada quinzena ou uma vez por mês, os quais auxiliam no sistema intestinal dos pássaros, favorecendo nas fezes.
Servir uma vez por semana um ovo de galinha, fervido por 20 minutos em fogo baixo e esmagado com um garfo, com um espremedor da batatas ou passado em uma peneira plástica.
Servir água mineral ou filtrada, trocada todos os dias. Eu costumo servir na gaiola, dois bebedouros de 50 ml, para me precaver de algum bebedouro vazar e o pássaro ficar sem água para beber ou o curió jogar toda a água com o bico, caso comum, pois alguns curiós costumam bicar a água do bebedouro até esvaziá-lo completamente, principalmente nos dias de calor.
Disponibilizar sempre na gaiola um pequeno comedouro com areia para pássaros, encontrada a venda em comércios que vendem produtos para pássaros, que vem lavada e esterilizada. 
Eu costumo misturar na areia, casca de ovo de galinha, pequena torrada no forno e moída. Para moer as casca, enrolo em um pano e bato com um martelo, até ficar bem miúda. 
Evite usar areia comum, pois poderá conter fungos e bactérias que poderão prejudicar a saúde de seu pássaro. 

3. Sol e banho.
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Nos dias que houver sol, banho de sol por 15 a 20 minutos, de preferência bem cedo ou no final da tarde, pois o sol não está muito quente. A importância do sol é a vitamina D que é absorvida pelo pássaro. 
Eu costumo deixar uma parte da gaiola coberta com a capa ou com um pedaço de papelão, para fazer sombra, pois caso o sol fique muito quente, o curió terá um abrigo na sombra.
De vital importância, em hipótese alguma você deve esquecer, sempre após o banho de sol, trocar a água dos bebedouros, pois no sol a água esquenta bastante.
Após o banho de sol, colocar na gaiola uma banheira com água para o pássaro tomar banho, retirando após. 
Eu costumo colocar três gotas de vinagre de maçã na água do banho, isso irá deixar o pássaro com penas lisas e brilhantes, além de evitar alguma doença nas penas.

4. Encarte, aulas de canto.
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A parte considerada mais complexa para o mantenedor que quer ter um pássaro com qualidade de canto. O início do aprendizado deve ser aos filhotes, com idade de 40 dias a 3 meses de vida, filho de galador que tenha disposição para cantar e de preferência que seja repetidor. Filho de fêmea que já teve outros filhotes que apresentaram bom desempenho no aprendizado do canto.
Para quem já encartou um pardo no canto praia grande clássico, sabe que não é tão fácil assim. O sucesso no encartamento do canto depende quase que exclusivamente do mantenedor, pois segundo curiozeiros mais antigos, 70% depende da dedicação do proprietário do curió e os outros 30% restantes depende da genética do pássaro.
O sucesso do encarte está diretamente relacionado com a dedicação, a persistência e a paciência do mantenedor.
No treinamento do encarte de canto são usados vários métodos pelos curiozeiros. 
A metodologia mais comum é manter durante o dia (das 06:00 às 18:00h) o filhote de 40 dias a 3 meses, em um stúdio com isolamento acústico (pequeno cômodo revestido com espuma perfilada, medindo 1,50m por 2,00m, com uma janela contendo 3 vidros de 6mm e uma porta vedada com borracha ou E.V.A. para evitar a entrada de som externo). Veja bem, eu falei “stúdio com isolamento acústico” e não “cabine de isolamento acústico”, popularmente conhecido por caixa para encarte, a qual é proibida pelo IBAMA (Art. 44, Parágrafo 1º da IN nº 10, de 19 de setembro de 2011). 
Eu particularmente sempre fui contra o uso de caixa para encartar curió, mesmo antes da proibição, achava um confinamento muito severo, o que causava muito estress ao pássaro. Bem, como nem todo mundo tem espaço e ou condições para construir em sua casa um “studio com isolamento acústico”, a maneira mais comum, usada pela maioria dos curiozeiros é sem dúvidas, a de acomodar o pardo em um pequeno cômodo da casa, no seu quarto ou no quarto de um filho, com a porta e cortinas fechadas, para ficar com pouca luminosidade (penúmbra), com um aparelho de encarte com temporizador, tocando um Cd de encarte, programado para funcionar por 20 minutos e desligado por 40 minutos, com músicas de rádio FM nesse intervalo. 
Após as 18:00h você deve retirar o pássaro do quarto, para pernoitar em outro local que seja escuro e de relativo silêncio. 
O volume usado no aparelho deve ser de 1/3 do canto de um curió cantando.
Se onde o curió irá ter aulas de canto, mesmo com a porta e cortina fechada, o cômodo ficar com luminosidade clara, janelas grandes, manter uma capa toda fechada na gaiola, até o dia em que o pardo comece a soltar o canto. Quando você perceber que o pardo já está firme de notas, abra os ziper da capa e jogue a parte da frente sobre a capa, dando continuidade no treinamento.
Uma observação: todos os dias que tiver sol, retirá-lo do quarto e retirar também a capa da gaiola e colocá-lo tomar um banho de sol por 15 a 20 minutos, preferencialmente de manhã bem cedo ou no final da tarde, quando o sol não está muito quente.
O fator paciência é muito importante no encarte de canto do seu pardo, existe curiós que são precoces no encarte e soltam o canto a partir dos 4 meses, outros nem tanto, as vezes firmando o canto depois dos 10 meses de idade. Então, se você quer ter um curió com qualidade de canto, saiba que não se faz um com curió clássico do dia para a noite, não tenha pressa, seja persistente e não desista, com o tempo tudo vai dar certo, pode ter certeza.
Para quem já possui um curió clássico, que cante praia sem erros, com abertura de canto e que não corte o canto, é primordial deixá-lo cantar uma hora por dia, para intensificar o treinamento de seu pardo, sendo que o pardo apenas ouça o professor cantando e que necessariamente haja um isolamento visual entre mestre e aprendiz.
Quanto ao curió ser repetidor ou não, acredito eu que seja um fator nato do pássaro, já vi curió ser repetidor e seu irmão de ninho não repetir, mesmo sendo empregado o mesmo método de encarte. Já vi galador ser repetidor e seus filhos não serem repetidores, bem como já vi galador que não repetia e seus filhos se destacarem como excelentes repetidores.
Outro fator que é nato do pássaro, é ser ou não ser galador. Já tive curió que não galava de maneira nenhuma, sem nunca ter sido agredido por uma fêmea brava e mesmo colocando a fêmea mais mansa do plantel que estava pedindo gala, ele não galava. Em contra partida, já tive filhote de 6 meses, que ao ser apresentado para as fêmeas, ficava doido, arrepiava as penas, se agarrava na lateral da gaiola e cantava e rasgava direto.

5. O transporte do curió.
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Quando você notar que seu curió está cantando e está firme de notas, é o momento de começar movimentá-lo. Inicialmente, comece retirando ele do quarto e desencapado coloque a gaiola na estaca, em frente de uma janela com cortinas abertas, para o mesmo começar a demonstrar o que aprendeu. Faça isso por alguns minutos de manhã e alguns minutos a tarde. Depois, capa novamente e de volta para o quarto. Faça isso por alguns dias e após, comece a movimentá-lo, colocando a estaca em locais diferentes no seu pátio, a fim dele ir se familiarizando com o seu território. O próximo passo é levá-lo passear, curió é igual criança, adora ir passear. Com ele na gaiola encapada, de preferência de automóvel, para ele se habituar com o movimento e barulho do carro. Leve ele em praças, onde haja movimento de pessoas, pois o curió tem que socializar, ver gente, ouvir barulho e movimento de carros. Evite levá-lo na casa de amigos que tenha curió, pois o canto de outro curió poderá intimidar o seu pardo, considerando que ele está em um locar estranho e no território de outro curió. 
Outro local que você poderá levar o seu pardo passear e intensificar o treinamento é na natureza, de preferência, se possível onde haja rios ou cachoeiras, o barulho da água estimula muito o curió a soltar e firmar o canto.
Um fator importante, ignorados por muitos, é ao transportar o seu curió de automóvel, colocá-lo no banco traseiro ou dianteiro, com todos os vidros fechados e bater a porta, isso causa um deslocamento de ar, normal para nós, porém incômodo ao pássaro, tendo em vista que o pássaro tem uma audição muito aguçada e sensível, sendo que esse vácuo no deslocamento de ar poderá ser prejudicial ao curió. Então, lembre-se sempre, ao fechar a porta de seu automóvel, deixe parte de um dos vidros aberto para bater a porta. Importante também, ao transportar o seu curió no automóvel, não ligar o ar condicionado, o choque térmico entre calor/frio poderá prejudicar a saúde de seu pássaro.
Com paciência, persistência e dedicação, você faz um bom curió clássico. Você sentirá orgulho ao ouvir o seu pássaro cantando na estaca de sua sala de estar, na casa de um amigo ou em uma praça e verá que o tempo dedicado e o seu esforço não foi em vão e valeu a pena.
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Amigos, sucesso!

Um grande abraço!

Vilson de Souza.

O corrichado do filhote de curió e seu desenvolvimento.



Teremos de considerar vários aspectos que normalmente surgirão durante a “Época do Corrichar” e que irão interferir no desenvolvimento do corrichado. 
O problema a meu ver resume-se em entendermos o porque do Corrichar, e como desenvolve-lo corretamente para atingir suas finalidades e objetivos. 
Esta fase, excluindo-se o processo de Vetorização do canto, é sem dúvida a mais importante e complexa entre todas no desenvolvimento e formação do canto Vetorizado nos filhotes dos Curiós. 
O Corrichar nada mais é que um conjunto de exercícios de vocalização com vistas ao desenvolvimento da Seringe, órgão responsável pelas vocalizações dos elementos sonoros (assovios) vetorizados no filhote, portanto se constitui etapa pós-vetorização e deve manifestar-se no período compreendido entre a Vetorização do Canto e a Muda de Ninho aos quatro meses de idade. 

Vejamos: 

1. Filhote que corricha pouco o faz por se encontrar isolado em um ambiente desprovido de estímulos tais como um rádio ligado, CD-R intercalado com som de Cachoeira e água corrente, gravação de outros filhotes corrichando etc. São nesta fase, indispensáveis ao estimulo do “Corrichado”. 

2. Sabemos que o temperamento extrovertido e irrequieto, alegre e brincalhão (pois os filhotes de Curiós “Brincam” como se fossem crianças) dos filhotes, tem nos levado a equipar a sua gaiola com elementos ocupacionais experimentais reduzindo sensivelmente o Stress, caso contrário corricham pouco e buscam ocupar-se todo o tempo brincando com: 

• O comedouro, jogando fora às sementes proporcionando um alto índice de desperdício das mesmas. 

• O bebedouro, proporcionando um alto consumo de água (está sempre vazio), pois se excitam ao jogar fora a água. 

• Jogam fora todo o “Grite” que disponibilizamos em sua gaiola. 

• Rasgam e puxam o papel do fundo com muita freqüência. 

• Destroem a capa da gaiola puxando as costuras internas, promovendo às vezes o enroscamento do seu bico, pernas ou língua, bem como engolem fiapos de tecido ou mesmo linhas provocando às vezes a sua morte. Devemos usar capas pespontadas e desprovidas de costuras internas e fiapos que se soltam ao serem puxados. 

• Costumam entediados atirar-se com certa violência contra o tabuleiro da gaiola, tal prática chega a nos assustar. 

• Praticam acrobacias do tipo “Salto Mortal” e alçam vôos em círculos saindo pela tangente. 

• Brincam e até brigam com o “osso de Ciba” e “dorminhoco” provocando às vezes acidentes com o enroscamento da anilha no elemento de fixação do asso de ciba nas “Talas” da gaiola. 

• Costumam entrar em vasos de boca estreita e utilizados como porta “Tiririca”. Se não forem socorridos a tempo morrem. 

• Alguns vitimados pelo Stress entram no compartimento do cocho escondendo a cabeça por baixo das extremidades do mesmo quando os removemos para limpeza. (Baixar o volume da instrução de canto nestes casos). 

• Apresentam DPA – Distúrbio de Plumagem e viciam em comer os canhões das penas, uma vez instalado o DPA o filhote atrasa todo o processo do Corrichar. 

Os aspectos por nós observados são vários, citei apenas alguns para exemplificar o pouco “Corrichado” em filhotes que se estressam entediados por falta de uma Terapia Ocupacional. 
Terapias ocupacionais nesta fase são estimulantes do Corrichado. “Filhotes de curiós brincam como crianças” e nós precisamos disponibilizar alguns brinquedos para que brinquem e cumpram o “Corrichar” com êxito e bom desenvolvimento. 
O fim do Corrichado caracteriza-se pelo surgimento dos primeiros assovios, se o filhote não cumpre com êxito o Corrichar retardará os assovios, pois não desenvolveu convenientemente a “Seringe” (membranas e músculos seringiais) ainda antes da muda de ninho, por motivos anteriormente mencionados. Podemos afirmar que esta fase é a mais importante na vida de um Curió, pois é o momento em que o canto Vetorizado começa a se manifestar e precisa ser bem conduzido sem interrupções ou traumas que venham inibir as emissões e desenvolvimento dos primeiros elementos sonoros. 
O pós muda de ninho deve ser caracterizado pela ausência de corrichados e presença apenas de assovios. Nesta fase encontramos uma diversificação enorme de comportamentos (que no momento estamos pesquisando e catalogando) proveniente de um maior ou menor desenvolvimento Seringial. 
O pós muda caracteriza-se pelo surgimento e desenvolvimento do temperamento que não deve ser retardado sobre pena de colocar em risco todo o desenvolvimento canoro do filhote. 
Os aspectos do pós “muda” observados em filhotes Tecnicamente Vetorizados com ou sem a completa conclusão do “Corrichar” leva-nos a um vasto elenco de observações que fogem ao nosso propósito no momento, contudo registrarei o fato de que alguns filhotes continuarão a corrichar no pós muda cumprindo desta forma (tardiamente) o desenvolvimento Seringial. 
Num segundo grupo estão aqueles filhotes que continuarão os assovios até externar totalmente a mensagem canora Vetorizada. 
Estes cumprirão o corrichado com bastante êxito e serão “Melhores Cantores”. 
Num terceiro grupo encontramos aqueles filhotes que embora tenham concluído ou não o corrichar e apresentavam antes da muda de ninho a emissão de algumas notas assoviadas. 
Concluída a muda retornam ao Corrichar e permanecem nele por três meses aproximadamente como se tivessem que retornar ao início do processo. 
É como se o desenvolvimento da seringe fosse eliminado durante a muda e estes filhotes são tardios e normalmente pouco desenvolvidos. 
Registramos ainda a presença deste retrocesso no desenvolvimento Seringial de alguns Curiós que, depois de concluída a primeira muda de Preto “Muda Anual” retornam ao Corrichado como se tivesse esquecido tudo, e o repetem integralmente, apenas apresentando um desenvolvimento mais rápido. 
Este Texto tem como objetivo chamar a atenção dos criadores para o Corrichar e ajudar o entendimento deste complexo processo. 
Conhecedores do processo podem interferir com competência quando se fizer necessário. 
Antecipei neste texto alguns aspectos sobre Terapia Ocupacional dos filhotes de Curió “Os Filhotes Brincam” que no momento encontra-se como sendo a minha principal preocupação no sentido de entender as relações com o corrichar. 
Tenho tido informações de vários companheiros que adotaram o nosso método (Vetorização de Canto em Filhotes de Curiós) e que já estão colhendo excelentes resultados, acredito que teremos alcançado um alto índice de aprendizado até então nunca atingidos pelos criadores iniciantes.
Espero estar vivendo o início de um “Novo Momento da Criação Doméstica Do Curió”. 

Escrito por Gilson Barbosa.

Vilson de Souza.