“A fibra” embora
seja um conceito intuitivo e de fácil compreensão, não nos tem permitido
avançar no seu estudo por
questões de “Gênese”. A complexidade que envolve o conceito “Fibra” é fator
inibidor e porque não dizer
desestimulador das manifestações sobre o assunto, daí, supormos a existência de
“Técnicas & Manejos” inconfessáveis
por parte daqueles que as usam e conseguem extraordinário sucesso nos Torneios.
Competição de
Roda
A conceituação
da “Fibra” e aí generalizo (Curió, Bicudo, Coleiro, Azulão, etc.) é o
principal fator de
entendimento das bases que levará um criador a proceder a uma seleção
criteriosa para obtenção de bons pássaros de
fibra. (para competição de “Roda”).
Precisamos em
primeira instância estabelecer quais “Fatores de Qualidade” deverá possuir
determinado pássaro para
qualificar-se como “Pássaro de Fibra” (para competição de “Roda”). A
identificação destes “Fatores” e a sua
priorização no plantel, bem como os percentuais de ocorrências destes, para que
o pássaro renda de forma
satisfatória, constitui a base da formação de um bom Exemplar de Fibra. (Para
competição de Roda).
Faz-se
necessário que se estabeleça quais fatores são Genéticos (Hereditários) e quais
fatores são adquiridos
mediante Manejo (Treinamento). É de suma importância na Fibra o conhecimento
dos aspectos Genéticos e dos aspectos Adquiridos
para que não se busque na genética comportamentos que só obteremos mediante muito
condicionamento e treino. Esta distinção é fundamental, bem como, os métodos
para sua obtenção.
Sabemos que inclusive podem variar de um pássaro para o outro, isto em função
do Gênero e dos percentuais
genéticos dos ditos “Fatores” responsáveis pelo surgimento da Fibra.
Identificação e
Determinação dos Fatores que compõem a Fibra
A identificação
e determinação dos fatores que compõem a Fibra de um pássaro (entendemos a “Fibra” como sendo a
capacidade que determinado pássaro possui de manter por várias horas o seu
temperamento valente, quando
exposto à presença de seus semelhantes) podem ser observados a partir de
procedimentos práticos que nos
levarão a identifica-los e qualifica-los quanto a sua presença e intensidade.
Podemos ainda identificar os
níveis de agressividade e eficiência na competição de Roda. Esta determinação
dos fatores envolvidos na
Fibra e portada por determinado pássaro, são medidos em função das suas reações
na presença de um semelhante.
Teremos aí alguns aspectos a observar:
1. Aproximamos a
gaiola de um pássaro adulto, a gaiola de um outro semelhante. Se ocorrer o “Atesto” ou seja, ambos
os pássaros atiram-se contra as grades da gaiola demonstrando valentia e agressividade “Física”
a ponto de se mutilarem mutuamente caso ocorra o contato físico.
Observamos aí a
presença do “Fator de Ataque” que se externa como postura de defesa da
Gaiola pela simples
aproximação do semelhante. Neste caso, habituam-se a este comportamento e
muitas vezes são
estimulados (treinados) pelos seus proprietários a agirem desta forma como
demonstração de “Valentia”.
Esta prática é condenável e totalmente equivocada, pois, estimula o pássaro a desenvolver o
fator de “Ataque Físico” inutilizando-o para o desenvolvimento do fator
de “Disputa Canora”.
Pássaros
viciados em “Atesto” com alto desenvolvimento do fator “Ataque Físico”
geralmente se estressam com a
presença do semelhante, apresentando um “Enfezamento” de tal ordem, que
só após algum
tempo, às vezes até horas, abrem o conto no estilo “Surdina” e apresentam
um estado de agitação capaz
de se auto demolir em muito pouco tempo. Outros só abrem o canto após passarem pela prova de “Atesto”,
e necessitam deste estimulo com muita freqüência para se manter cantando.
Pássaros dotados
do fator “Ataque Físico” não desenvolvem satisfatoriamente o fator de “Disputa Canora” não atingindo a
performance hoje exigida nos Torneios de Disputa de Fibra em Roda, com gaiolas
desencapadas e aproximação lateral máxima de 20,0cm.
2. Aproximamos a
gaiola de um pássaro adulto, a gaiola de um outro semelhante. Não observamos propriamente um “Atesto”
e sim um comportamento de “Armada”, “Pegada” ou “Presa”. Um
dos Pássaros em
questão efetua uma movimentação característica conhecida com o nome de “Armadilha” resultando na “Pegada”
do adversário mediante a “Presa” conhecida como “Presa de
Acorrentamento” neste
caso não necessariamente ocorre o Fator de Ataque Físico e sim a “Pegada ou Presa”.
Os
pássaros que assim se comportam demonstram a sua valentia de forma bastante
diferenciada daquela que buscamos desenvolver nas competições de Fibra mediante
a disputa de
canto, logo, pássaros com estas características não se enquadram no perfil
exigido para Torneios de
Fibra.
3. Aproximamos a
gaiola de um pássaro adulto, a gaiola de um outro semelhante. Aparentemente
nada acontece! Percebemos uma certa indiferença entre eles, chegando a ponto de
um posar de costas
para o outro.
Estaríamos a
observar dois pássaros “Frios de Temperamento?” Talvez... Se logo em
seguida um deles não
abrisse o canto, para desespero do outro. Estamos finalmente a observar
pássaros dotados do “Fator
Fibra” aonde se estabelece a liderança sem lutas corporais, única e
exclusivamente mediante o fator
de “Disputa Canora” para estabelecimento da hierarquia e dominação.
A Disputa Canora
entre Curiós neste caso é “Inata” e deve ocorrer sem “Atestos” ou
provocações mediante
posturas agressivas. O curió deve manter-se calmo e sem perturbações de
qualquer ordem, o canto deve
fluir impávido (sem pavor, destemido, afoito, intrépido denodado e ameaçador) e manter-se pelo
tempo que se fizer necessário.
Mediante o
exposto, podemos sem embaraço identificar se determinado Pássaro possui ou não
aptidão para Fibra. É
necessário que demonstre a presença do “Fator Fibra” em seu
temperamento. A identificação do
“Fator Fibra” é “Pré-Requisito” indispensável para que se possa
iniciar um trabalho de
condicionamento e treinamento na “Roda” objetivando dotar o Curió em
questão das condições necessárias a
competição.
Produção e
Desenvolvimento de Curiós Para Fibra
A Origem
Até bem pouco
tempo a maioria dos curiós com aptidão para fibra eram procedentes da Caça
Silvestre. Ressalvo aí o
trabalho de abnegados criadores que na sua maioria produziam excelentes
pássaros com aptidão para fibra
apesar de serem obrigados a competir com a abundante oferta mateira proveniente
do tráfico. A oferta de Curiós
portadores de “Canto Mateiro” proveniente da caça predatória, ocorria
aos milhões por todo o Brasil. Esta
oferta constituía um gigantesco universo a disposição dos interessados, que,
selecionavam os melhores
exemplares entre milhares que chegavam ao seu alcance. Este fato prejudicou em
muito o desenvolvimento
das criações voltadas a Fibra, que se desenvolviam dentro de um universo bem mais
restrito.
Enquanto um “Mega”
criador produzia 300 filhotes machos por ano para dentre eles selecionar os 10
melhores, a oferta “Mateira”
a depender da região superava esta quantidade de filhotes aos milhares. A
competição era desigual e
provocava um desestimulo muito grande a produção dos curiós portadores do “Fator
Fibra”.
A Legislação
Graças à
interferência do Ministério Público Federal na Bahia, vivenciamos as In(s) 5 e
6 e mais recentemente a
IN-1 / 93. A legislação é finalmente aprimorada. Os Criadores Comerciais passam
a dispor dos instrumentos
adequados para desenvolverem o seu trabalho sem a competição predatória e
abundante dos “Mateiros”, daí a busca e
o interesse pelas Técnicas de Produção e Manejo para obtenção de
excelentes pássaros de
fibra. O momento é sem dúvida de aprendizado. Com a redução do universo da
oferta mateira e da conseqüente
seleção, a atenção se volta para a produção em ambiente doméstico, e não
podemos produzir 300 para selecionar
10. Daí a necessidade do estabelecimento dos “Critérios de Seleção” e “Aprimoramentos Genéticos”.
Precisamos sem
dúvida conhecer mais esta característica tão apreciada que é a Fibra, o momento
é de aprendizado, e
não podemos conviver com “Segredinhos” simplesmente porque eles não
existem. O retorno das nossas
observações à vida silvestre, em busca das verdadeiras informações que
conduzirão a criação nacional à
obtenção de excelentes pássaros de Fibra, é sem dúvida o maior segredo. A
natureza é a grande escola de todos
nós, observar o comportamento dos Curiós de Fibra em seu habitar natural é sem
dúvida a grande saída
para o aprimoramento das criações domésticas.
A Seleção para
Fibra
A exemplo do que
observamos na natureza, implantamos na vida doméstica. Reproduzimos o mesmo ambiente
observado na vida silvestre, é claro que em escala infinitamente menor,
entretanto, mantemos as mesmas
características observadas na natureza para que se manifestem os mesmos
comportamentos. É como se observássemos a
vida silvestre em escala reduzida no quintal da nossa casa, sobre o nosso
controle, daí não só entenderemos o
processo, como seremos capazes de interferir para aprimora-lo.
Neste processo
que propomos não existem segredos, o criador apenas necessita ser dotado da
aptidão para observar o
comportamento em grupo dos Curiós, proporcionando a seleção dos mais aptos a desenvolverem a
Fibra”.
Para obtenção de
Curiós dotados do “Fator Fibra” torna-se indispensável que seus
genitores portem estes fatores,
logo, obteremos na prole a transmissão mediante processo de hereditariedade.
O “Fator Fibra”
se manifestará espontaneamente nos filhotes após conclusão da Muda de Ninho e precisam ser
exercitados. Este exercício define a hierarquização e socialização entre os
componentes do grupo que iremos
formar. Como não poderia deixar de ser, as observações serão feitas em grupo. A
pratica do treinamento na “Roda”
nada mais é que a repetição do que ocorre na vida silvestre, logo, precisamos
conduzir os filhotes
desde muito a desenvolver em grupo as suas aptidões de “Liderança”
mediante o exercício do canto fibra.
Os filhotes
comprovadamente machos são conduzidos para um amplo viveiro em número máximo de
5 a 8 filhotes,
sendo introduzidos todos simultaneamente (no mesmo momento). É importante que
se proceda a uma única introdução
para que venham a competir em condições igualitárias entre si.
Observamos aí
todo o período do Corrichar que no caso dos Curiós geneticamente aprimorados ou
em fase de
aprimoramento dura no máximo 90 dias, quando se iniciam os primeiros assovios.
Observações a
serem feitas
1. Corricham em
grupo (bando) de forma harmônica e pacífica.
2. Observamos o
surgimento entre eles de uma "Hierarquia" com o surgimento de um ou
dois lideres que cantam mais, e
cada vez mais alto.
3. Observamos a
liderança destes sobre o resto do grupo.
4. Observamos o
surgimento dos primeiros assovios dos líderes do grupo que iniciam a cantoria "Na Cara" dos demais
componentes do grupo.
5. Surgem em
seguida as disputas de canto com o estabelecimento de territórios que vai desde
o líder impedir os
demais de beberem água ou de pousarem em determinado poleiro, pois estabelecera
como seu território o
bebedouro ou até mesmo comedouro, observamos aí o surgimento de “perseguições” entre eles.
6. Neste momento
devemos separar os dois líderes em gaiolas individuais que permanecerão dentro
do viveiro até a
muda de ninho, quando serão removidos para um recinto tranqüilo para efetuarem
a muda.
7. Nesta fase os
demais membros do grupo ainda poderão ser usados por mais 10 meses após a muda
dos lideres
(acredito) com estes no interior do viveiro, contudo, engaiolados.
8. Após a muda
de ninho os lideres de um grupo de 08 já com canto definido passarão a
exercitar-se na Arte da Fibra em
Rodas, retornando-se sempre ao viveiro aonde permanecerão engaiolados na
presença dos demais
membros do grupo, que permanecerão sempre soltos.
9. Após 14 meses
já pretos procedemos gradativamente ao "Desmame" ou seja, a retirada
gradual do convívio dos
companheiros de viveiro.
Saliento que os
indivíduos pertencentes ao grupo deverão continuar os treinamentos na Roda.
Incorporamos de forma gradual
novos elementos a cada treino e não mais retornamos ao convívio coletivo do
viveiro. Este procedimento
visa a adaptação gradual e progressiva da incorporação de novos indivíduos a
Roda até o momento em que
chegaremos ao primeiro torneio de fibra.
Acreditamos ser
este o melhor método para a seleção e desenvolvimento de pássaros para a
pratica da disputa em Rodas
de Fibra. É como se fosse uma Escola de Formação de filhotes para Fibra,
entretanto, muito do que
relato carece de estudos mais apurados para estabelecimento do Manejo, que pode
diferir entre os mais variados
grupos.