Confinamento visual do Curió.

CONFINAMENTO VISUAL. 

A capa é sem dúvida um dos acessórios da maior importância na criação de CURIÓS, não só pela proteção que ela propicia ao pássaro em relação às influências de origem física e visual do espaço exterior durante o manejo, mas pela condição de segurança psicológica que ela desenvolve no pássaro produzindo o condicionamento necessário à simples remoção da mesma a provocar O DESENCADEAMENTO DA ABERTURA DO CANTO DA AVE. Esta prática libera os estímulos condicionados e desenvolvidos pelo uso correto e sistemático da capa, criado pelo momento de quebra da ROTINA E MONOTONIA provocadas pelo condicionamento visual e luminoso imposto pelo uso da capa. O momento da remoção provoca o aumento da luminosidade e a liberação da visualização do espaço exterior elementos estes (luminosidade e visualização) necessários e suficientes para ativar os estímulos que provocam a abertura do canto e funcionam baseados na mudança do estado a que a ave encontra-se adaptada. Esta mudança induz na ave uma nova situação de comportamento à medida que a ela é dada a condição de visualização do espaço exterior, e como resultado, ABRE O SEU CANTO anunciando ao mundo exterior (que lhe é mostrado) a sua presença e tenta estabelecer os seus domínios. 
ABRINDO O CANTO, o Curió verifica a existência da presença de um outro nas proximidades. 
Após um período de 06 (seis) dias de “CONFINAMENTO VISUAL” (encapagem) a gaiola deve ser conduzida ao exterior, procedendo-se à remoção cuidadosa da capa, (deve-se levar em conta que a ave fica muito mais sensível e ativa com seus mecanismos de observação bem mais aguçados) e penduramos a gaiola em local costumeiro e adequado a tal fim e aguardamos a abertura do canto durante 05 (cinco) minutos. Ocorrendo a abertura do canto neste período, observamos a relação existente entre o tempo em que a ave leva cantando e os espaços intercalados entre as cantadas buscando identificar o momento em que a ave começa A CAIR DE PRODUÇÃO (o tempo intercalado entre as cantadas passa a ser maior do que o tempo cantando) a partir da queda de produção o curió (se não for provocado pelo canto de um outro) perde cada vez mais o estímulo adquirido pelo “CONFINAMENTO VISUAL” e tende a parar de cantar voltando ao estágio em que se encontrava antes do uso da técnica aqui descrita. 
Ao identificar o momento em que o curió começa a cair de produção, a gaiola deve ser removida cuidadosamente do gancho e encapada, sendo em seguida transportada para o interior da residência do criador (ou veículo) e pendurada em local costumeiro. O Curió durante o período em que se encontra encapado não canta, ou melhor, não deve cantar, não deve ser estimulado a cantar com outro pássaro pois estimula-lo a cantar encapado pode comprometer todo o trabalho que está se desenvolvendo. O tempo de exposição recomendado durante o período em que se está desenvolvendo o condicionamento não deve ultrapassar a 30 (trinta) minutos mesmo que o pássaro não demonstre queda de produção. Mantém-se o curió em regime de “CONFINAMENTO VISUAL” constante, propiciando a remoção da capa periodicamente tornando com o decorrer do tempo as remoções diárias. Estes procedimentos não podem sofrer alterações nem variações no seu ritual sobre pena do criador não conseguir estabelecer a rotina do CONDICIONAMENTO PSICOLÓGICO DA AVE, os procedimentos aqui descritos devem ser seguidos rigorosamente para que se alcance os resultados desejados. A gaiola não deve ficar pendurada desencapada por período superior aos recomendados sobre pena de comprometermos todo o trabalho anteriormente desenvolvido, tal atitude rompe a rotina de condicionamento a que a ave está sendo submetida. 
Não ocorrendo à abertura do canto no tempo regulamentar 05 (cinco) minutos, o pássaro deve ser cuidadosamente removido do gancho e a gaiola encapada, sendo transportada para o interior da residência do criador ou veículo, permanecendo confinado por novo período de 06 (seis) dias, quando repetimos o processo até que ocorra a abertura do canto e se estabeleça o momento em que a ave começa a CAIR DE PRODUÇÃO. Durante as exposições visuais não devemos usar nenhum recurso para estimular a ave a abrir o canto, tais como outro curió, reprodução do canto por quaisquer meios tais como Discos, Fitas k-7, CD (s), ou mesmo assobios, estalar de dedos ou lábios produzidos pelo criador, o curió deve abrir o canto mediante os estímulos desenvolvidos pela prática do CONFINAMENTO VISUAL. 
O criador observará durante as primeiras exposições que a ave desenvolverá uma sensibilidade muito grande em relação a tudo que se move ao alcance da sua visão tal como pardais, lagartos nos muros, borboletas, libélulas etc. respondendo às vezes com a emissão de assobios ou serradas ou com a interrupção da cantada que estava executando o que demonstra ser tal comportamento um bom sinal de que o método esta sendo assimilado e verificamos aí o surgimento do comportamento INTERATIVO. O curió estará PRONTO (em forma) ou seja, devidamente desenvolvido, quando responder a remoção da capa COM A IMEDIATA ABERTURA DO CANTO sem que se tenha usado quaisquer meios para estimulá-lo e apresente no mínimo 30 (trinta) minutos de AUTONOMIA DE CANTO sem apresentar QUEDA DE PRODUÇÃO. Mantemos o Curió interativo daí por diante, submetendo-o a exposições diárias (Remoção da Capa) durante 30 (trinta) minutos de preferência pela manhã. 
Se o Curió possui aptidão para repetição de canto, ou é um repetidor (executa o Módulo de Repetição cinco ou mais vezes com muita freqüência), não devemos colocá-lo em nenhuma hipótese para disputar canto com outras aves, sob pena de tornar-se dependente de tal prática para se estimular (ficar fogoso), bem como poderá adquirir vícios durante a disputa se os companheiros não forem dotados do mesmo dialeto, e se não cantarem com a mesma perfeição. 

O QUE FAZER QUANDO O CURIÓ NÃO RESPONDE SATISFATORIAMENTE AO MÉTODO DE CONFINAMENTO VISUAL E NÃO SE TORNA INTERATIVO. 

Alguns Curiós não INTERAGEM não abrem o canto por mais que se submetam ao método descrito, ou apresentam pouca evolução. Mantêm-se indiferentes aos esforços do criador. Tal fato possui explicação na GENÉTICA DO PÁSSARO em questão, ou no CALENDÁRIO DA AVE. Busca-se modernamente na CRIAÇÃO DOMÉSTICA INTENSIVA a reprodução de pássaros interativos selecionados segundo os seus melhores CARACTERES GENÉTICOS e dentre eles O TEMPERAMENTO tem a preferência da maioria dos criadores e não devemos aplicar o método em curiós fracos de TEMPERAMENTO.
Sendo o Curió ave TERRITORIALISTA por excelência o TEMPERAMENTO INTERATIVO é indispensável no desenvolvimento de qualquer atividade que envolva Competição com o uso do canto. 
A INTERAÇÃO é ponto de partida para o desenvolvimento de qualquer atividade que envolva os Curiós, portanto o método de CONFINAMENTO VISUAL desenvolvido aqui não se aplica a “CURIÓS FRIOS” ou temporariamente nestas condições por motivos diversos, tais como Muda de Penas , Acidente de Manejo, Uso Inadequado de Fêmeas, Incompatibilidade territorial doméstica etc. O calendário da ave deve ser observado, pois nada adianta a aplicação do método aqui descrito em curiós que esfriou para TROCAR DE PENAS ou encontra-se em fase DE ENXUGAMENTO DA MUDA . 
Pássaros debilitados, apáticos ou com temperamento retraído temporariamente por motivo de esgotamento provocado por exposições prolongadas em disputas de fibra, não devem ser submetidos ao método aqui desenvolvido. Devemos esperar que recuperem A AUTO CONFIANÇA perdida com o relaxamento do temperamento, (frouxidão) ou reabilitação do estado de saúde em pássaros debilitados por motivos diversos tais como: Repasse de muda mal feita ou mesmo repetição total da muda que acaba de concluir (ambos os casos provocados por manejo inadequado). 

Escrito por Gilson Ferreira Barbosa.

Vilson de Souza - Navegntes-SC,