A majestade, o curió!

A paixão por curió é indescritível. Quem gosta, gosta, não adianta. Quem é apaixonado então, nem se fala. Muitos dizem que é um "hobby", outros dizem que é um "vício",  eu acho que é as duas coisas, enfim, acho que é a "cachaça" de todo curiozeiro.
Muitas pessoas tem paixão por carros, por motos, outras tem paixão por  cavalos, por cães, por gatos ou outro animal de estimação. Já o  curiozeiro tem fascinação por curió, um pequeno pássaro de 14 cm, altivo e com um postura elegante, com um canto que encanta quem o ouve,  um belo e melodioso som, semelhante aos acordes de um violino. 
Li uma reportagem no Jornal BOM DIA, achei interessante, postei abaixo. Leiam e apreciem!

O Editor.

No meio da entrevista o consultor e professor da área de logística e produção Romualdo Lopes Lucchese, 46, para de falar e aponta a gaiola, por onde escapa a afinada melodia de seu curió chamado Fidalgo. O semblante é de pai orgulhoso afinal,  para que seu pássaro chegasse até aquele ponto, foram anos e anos de dedicação incondicional e persistência.
Romualdo é criador de curiós, a raça considerada por boa parte dos entendidos no assunto como a que possui o mais belo canto. Fissurado por seus pássaros, embora isso seja redundante quando falamos de um dono de curió, ele desenvolveu a paixão pelo canto dos pássaros aos 5 anos de  idade, quando ganhou um canário  do avô. Aos 9 anos começou e ampliou o gosto para a criação e na adolescência chegou a ter 200 canários divididos em três cômodos de sua casa.
Aos 18 anos, no entanto, Romualdo comprou seu primeiro curió: havia chegado ao fim a era dos canários. A melodia do curió, segundo ele, é inigualável e no mundo dos criadores, existem espécies de facções. “Uns vão de canários, outros dizem que os picharros têm o canto mais bonito. Para mim são os curiós, mas o pássaro perfeito é aquele que encanta seu dono.” - Diz Romualdo.
O canto mais difundido para os curiós que participam de competições é o Praia Grande Clássico. “Ti tuí, té té, quim quim tói, té té, tué tué tué",  "Quim quim, té té, uíl uíl, té té, quim quim tói, té té, tué tué tué".  Preste atenção que você vai distinguir”, orienta o criador, repetindo a sequência de sons cantada pelo  Curió Fidalgo. Nós, com nossos ouvidos destreinados, no entanto, não percebemos nota alguma. “Para quem aprende a avaliar um canto, erros são gritantes. Seria como ouvir Ave Maria cantada pelo Tiririca”, brinca Romualdo.
Caixas à prova de som e CDs para treinamento de canto  para curió ajudam, Romualdo coloca pássaro em caixa onde ele ouvirá cantos e músicas para relaxar.
Ilude-se quem pensa que Romualdo coloca os curiós na gaiola e simplesmente espera até que seu talento aflore. Alguns curiós chegam a ser trocados por automóveis zero e por imóveis caros, justamente porque é extremamente trabalhoso fazer com que os pássaros aprendam o canto e cheguem ao status de campeões.
Romualdo chega a colocar as gaiolas dentro de caixas acústicas especiais, que impedem que seus pássaros possam ouvir qualquer ruídos que “contamine” seu cantar. Nas caixas, um alto falante reproduz  cantos perfeitos do curió Ana Dias, o Pelé dos curiós, que há décadas  gabaritou a sequência de notas que tenta ser repetida por curiós em todo o Brasil durante os campeonatos. Quando o canto para de tocar é dando um tempo sem som, para então o falante reproduzir músicas clássicas que vão de Mozart a Beethoven. Até rádio FM os pássaros escutam às vezes, como forma de relaxar.
Romualdo se dedicou de tal forma a aprimorar o canto de sua criação que tornou-se juiz do campeonato brasileiro de canto de curió, que em 1987, em sua primeira edição, teve como campeão o Curió Fumaça, do criador sorocabano Benedito Morato. “Essa é minha cachaça. É um hobby que consome energia e tempo, mas que quem gosta não deixa”, confidencia o criador.

Mayco Geretti
Agência BOM DIA
  
Fonte: Jornal BOM DIA 
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