Procedimentos para a formação do plantel na criação doméstica de curiós.


1. O primeiro passo é definir qual o tipo de dialeto (cantoria) que você pretendera ensinar, e o estilo da sua criação, pois o sucesso canoro dos futuros filhotes dependerá muito das opções que você terá de fazer agora, quanto à genética do plantel no tocante a canto longo, canto curto, temperamento (Fibra), repetição etc.
É neste momento que será determinado o futuro da sua criação, e a garantia dos investimentos. "Lembre-se que não se tira leite de pedras".
 
2. Feitas às definições, você não deve adquirir em nenhuma circunstância, nem mesmo por doação, pássaros sem comprovação testemunhal e documental de procedência. A documentação legal deve estar impecável, a numeração do anel no tarso do pássaro deve ser minuciosamente conferida em todos os seus caracteres não restando dúvidas quanto à clareza do seu CTP que deve ter todos os campos preenchidos e não conter rasuras.

 
3. Procure fazer contato com criadores previamente selecionados por você, e que atendam as suas definições, para agendar uma visita ao seu criadouro com vistas à aquisição de filhotes fêmeas. No dia da visita você deve fazer-se acompanhar de preferência de um assessor, criador mais experiente que conheça o plantel ora visitado, e que seja da sua confiança, caso contrario contará apenas com a sua intuição e com as sugestões do criador visitado que poderá ajudá-lo a escolher. Em nenhuma circunstância adquira fêmeas com mais de seis meses o ideal seria três meses, para que façam a muda de ninho na casa nova, ou seja, no seu criadouro.
Lembre-se a padreação dos pássaros a adquirir é o maior determinante da escolha, vá já sabendo o que quer, não se deixe levar por pechinchas ou oportunidades imperdíveis, só compre filhotes com três meses procedentes de pais que atendam aos seus critérios e definições.
 

4. Repita a visita a um maior número de criadores, pois sendo assim terá maior possibilidade de escolha e conseqüentemente poderá decidir por pássaros que atendam as definições com preços mais acessíveis. Um plantel bem diversificado quanto a linhagens tem muitas vantagens para quem inicia, garantindo uma maior possibilidade de sucesso em curto prazo. As definições para fixação de caracteres desejáveis devem ficar para mais tarde quando a criação já estiver em pleno estabelecimento e você já conhecer o potencial genético de cada fêmea e a linhagem a qual ela pertence. Ao passar do tempo, você irá adquirindo o conhecimento do seu plantel e ai sim, poderá efetuar novas seleções em cima desta ou daquela linhagem com muito mais segurança, buscando o aprimoramento genético. Acredito que a aquisição de oito fêmeas, duas em cada criadouro seja o ideal para formação do plantel que necessitará apenas de um padreador.
 
5. Os pássaros adquiridos devem possuir atestado de sanidade animal assinado por médico Veterinário, se forem viajar devem ainda possuir GTA - Guias de Transporte Animal para silvestres emitidas pelos Órgãos competentes ou Veterinários credenciados para tal fim em talonário próprio fornecido pelo Ministério da Agricultura.
 
6. Ao chegarem ao criadouro, inicia-se um processo de quarentena com as aves separadas em gaiolas de arame com pintura eletrostática de fundo gradeado e bandejas revestidas com papel, que será substituído de dois em dois dias. Como as aves possuem aproximadamente três meses e é bem possível que ao fim da quarentena já estejam em processo de muda de ninho iniciamos ai ainda na quarentena os preparativos para a muda que se aproxima.
 
Cuidados importantes a levar em conta:
 
1. O Criadouro deve ficar perto de você de preferência aonde você passe a maior parte do tempo, você tem que acompanhar a evolução das fêmeas a todo instante. Nesta fase o sossegado é fundamental, a princípio só você deve entrar no criadouro, com o passar do tempo (plena reprodução) outras pessoas também poderão.
 
2. A Iluminação nas gaiolas deverá ser a natural durante o dia com sol nascente de preferência, o sol é fundamental, mas não deverá bater nas gaiolas durante um período muito prolongado, a ventilação devera arejar o ambiente, contudo sem formação de corrente de ar nem excesso de umidade, o ar deverá estar sempre renovado. As aberturas deverão ser teladas para impedir a entrada de insetos.

3. As Gaiolas para reprodução do Curió devem ser específicas para tal fim, o espaçamento entre as faces dos arames (envaretamento) não devem ultrapassar 12 mm sobre o risco de fuga dos filhotes. As gaiolas de criação deverão possuir as seguintes dimensões: 32 cm de altura 30 cm de largura e 58 cm
de comprimento podendo variar um pouco conforme o fabricante. Deverão possuir divisórias removíveis no meio, grade e bandeja removíveis no fundo.



 4. Os Ninhos são muito importantes, deverão possuir suporte de arame com diâmetro de 8.0 cm e receberem revestimento interno em capa de bucha vegetal de textura fina bem delgada apresentando certa transparência capas de se visualizar os ovos a uma simples olhada por baixo dos mesmos, as bordas deverão ser aparadas com tesoura rente ao aro de arame que forma a borda superior do ninho, não deve fixar a forração de bucha ao suporte a forração deve ficar solta sofrendo apenas pressão com
os dedos para moldá-la ao suporte. Ficarão estocados em local arejado aguardando o momento de entrarem em cena.
 
5. As Capas para as gaiolas deverão ser construídas em tecido fino de cor branca não transparente tipo Percal, Popeline etc. Possuirão dois zíperes (fecho éclair) na frente que abrindo de baixo para cima possibilitará a abertura de toda à frente da gaiola que será jogada por cima da mesma permanecendo com a frente aberta durante todo o tempo salvo exceções. Poderão ainda possuir velcron no lugar do zíper e possuirão aberturas com tampa com velcron nas cabeceiras para propiciar a passagem do padreador durante a corte e cópula. A alça superior deverá possuir abertura para sua manipulação. É fato controverso entre os criadores o uso da capa, mas, eu não abro mão e recomendo tendo em vista os resultados benéficos e psicológicos que as mesmas propiciam aos Curiós. Deverão ser substituídas imediatamente por outras durante o processo de lavagem, o que ocorrerá logo após a estação de cria.
Tal procedimento deverá ser executado por etapas.
 
6. Disposição das gaiolas nas prateleiras para a prática da poligamia, as gaiolas deverão estar dispostas nas prateleiras observando-se o afastamento de 35 cm entre elas, para que se faça o encaixe da gaiola do macho entre duas gaiolas de criação. Utilizamos para facilitar a passagem do padreador no momento da cópula, placa de PVC, papelão, eucatex etc. removível como elemento de separação entre as gaiolas do padreador e a fêmea com os passadores abertos. Os filhotes destinados ao aprendizado de dialetos específicos que por ventura estejam nas prateleiras em regime de cria não poderão ouvir o canto dos padreadores. 
 
7. O Manejo, para reprodução dos Curiós (Oryzoborus a. angolensis). As gaiolas das fêmeas e machos deverão dispor-se de tal forma que aproveitem ao máximo à luminosidade do ambiente e não possibilitem a visualização entre eles.
8. Alimentação Mistura de Sementes. Logo após a muda anual de inverno (primeira muda após a muda de ninho) devem ser servidas as fêmeas uma mistura de sementes composta de 50% de alpiste, 50% de painço sendo 20% do verde, 10% do preto, 10% do vermelho, 10% do alvo. Sementes estas maquinadas para remoção de impurezas, e da melhor qualidade, o que se verifica pela coloração brilhante das mesmas, e ausência de pó oriundo da ação de pragas tipo gorgulho, caruncho etc.
Resumindo coloca-se 100 sementes de cada lote que dispomos nos nossos fornecedores para germinar em algodão embebido em água a melhor amostra é a que apresentar o maior número de sementes germinadas, esta é a semente que devemos comprar.
Fornecemos todas as manhãs um pequeno comedouro tipo porta ovo ou similar repleto da seguinte mistura:
01 xícara de cafezinho de Super Top-Life moído
1/2 xícara de cafezinho de Milharina pré-cozida
02 duas gemas cozidas de ovos de galinha, passadas na peneira fina.
Observação: misturar os componentes e servir diariamente pela manhã, não devemos guardar restos e remover diariamente caso não comam. Não acrescentar mais nada a farinhada. Em nenhuma hipótese forneça: Açúcar, sal, leite de qualquer espécie, mel, pólen, guaraná em pó, ginsengue, gotas de vitaminas inclusive vitamina E só no caso de carência comprovada.
Ministrar a alimentação descrita até as fêmeas atingirem a maturidade sexual que deve acontecer por volta de um ano de vida com raras exceções.

ALIMENTAÇÃO DOS FILHOTES DE CURIÓ
A alimentação é sem dúvida o maior determinante na reprodução dos Curiós, a sua adequação e quantificação dos nutrientes, (fator indispensável ao sucesso de cria das ninhadas) sofrem muitas restrições, pois depende da palatabilidade dos seus componentes, e de uma constituição física adequada, visando uma melhor aceitação (seletividade) por parte das matrizes. São grandes as dificuldades que enfrentamos para nutrir convenientemente as matrizes, disponibilizando “O Melhor” ao nosso alcance. Um maior rendimento no trato com as ninhadas dependem não apenas de uma correta formulação, mas também de sua estrutura física e da aceitação pelo pássaro quanto a palatabilidade, salientamos ainda que tal aceitação não é generalizada, sendo que determinada matriz aceita e outra não, sendo necessário o fornecimento de um cardápio variado e se possível personalizado o que em função do número de matrizes se torna inviável atender as preferências individuais de cada uma. Frente a estas questões, cabe-nos perguntar:
 
1. Qual a melhor alimentação para cria das ninhadas?
2. Quais os alimentos que melhor atendem a seletividade e palatabilidade alimentar das matrizes de Curió?
3. Quais os alimentos que propiciam o melhor rendimento (ganho de peso) no crescimento das ninhadas?
4. Quais as quantidades de Nutrientes que devemos ministrar durante todo o processo de cria das ninhadas?
 5. Qual a formulação ideal? Seletiva, Qualitativa e Quantitativa.
 
Não temos ainda as respostas definitivas para estas questões, nem sabemos se um dia será possível a formulação de uma Super Ração capaz de atender satisfatoriamente a todos estes aspectos nutricionais dos granívoros, porem de uma coisa temos certeza, só encontraremos as respostas que necessitamos, mediante o desenvolvimento de Pesquisas Práticas Experimentais, desenvolvidas dentro dos criadouros, testando formulações e aferindo resultados. Este é o princípio que deu origem, sustentação e método, ao trabalho de investigação que ora apresentamos.
Buscando estabelecer a nutrição ideal das matrizes em regime de cria, selecionamos 05 (Cinco) matrizes dotadas do perfil “Ideal”, ou seja, Matrizes Criadeiras portadoras de ampla seletividade alimentar (mistura de grãos, farinhadas e larvas de Tenébrio Molitor) às quais passamos a ministrar uma dieta alimentar a partir do primeiro dia de nascimento dos filhotes. Foi fornecido 05 (cinco) tipos diferentes de Farinhadas, sendo 04

(quatro) disponíveis no mercado e 01 (uma) formulada no criadouro, as quantidades servidas foram satisfatórias e de conformidade com as recomendações dos fabricantes no caso das comerciais e, proporções idênticas na formulada no criadouro. Foi ainda servido a todas as 05 (cinco) matrizes uma mistura básica de sementes contendo 60% de alpiste e 40% de painço sendo 10% do verde, 10% do preto, 10% do alemão e 10% do português. A mistura de grãos foi ministrada a todas as cinco matrizes indistintamente, sendo que as Farinhadas – “A” “B” “C” “D” e “E” foram fornecidas individualmente a cada matriz sendo que a Matriz n° 01 recebeu a farinhada “A” a n° 02 a “B” e assim sucessivamente até a matriz de n° 05, o processo foi mantido durante toda a Vida “Ninhega” ou seja 13 dias quando ocorreu a saída dos ninhos pelos filhotes.
Foi efetuado acompanhamento fotográfico diário de cada ninhada como forma documental do desenvolvimento. Procedeu-se a pesagem individual de cada filhote, e da ninhada (dois indivíduos) em balança eletrônica de precisão de centésimos do grama, para determinar o ganho de peso de cada ninhada e aferir a eficiência de cada Farinhada, todos os dados de pesagem foram anotados em fichas individuais por ninhada/farinhada. Todas as matrizes receberam diariamente 50ml de água filtrada contendo 03 (três) gotas de Suplemento Vitamínico com Aminoácidos.
Buscando a comparação do ganho de peso entre as 04 (quatro) ninhadas distintas mediante o emprego de cada farinhada, passamos a alimentar a 5ª ninhada (como prova comparativa do ganho de peso) com farinhada preparada no criadouro mediante formulação caseira e o fornecimento de larvas de Tenébrio Molitor.
Formulação da Farinhada Caseira
- 01 gema de ovo de galinha cosida por 25 minutos e passada em peneira fina.
- 02 colheres das de sopa de Super Top-Life da alcon em pó.
- 01 colher de sopa de Milharina Quaker (flocos de milho pré-cozido).
- 01 colher de chá de Carbonato de Cálcio (casca de ovo de galinha moída de cor branca).
- ½ colher de café de Propionato de Cálcio.
Larvas de Tenébrio Molitor Hidratadas
As larvas foram selecionadas com tamanho máximo de 15mm e alimentadas durante o período com a seguinte mistura:
Farelo de trigo, farelo de aveia, Super Toplife em pó, um pouco de Cálcio em pó e gema de ovo cozida peneirada e desidratada. Separadas de véspera na quantidade de 1.60g as larvas foram usadas em duas refeições diárias de 0.80g. Foram colocadas de véspera para passarem a noite em vasilhame de vidro tipo Pirex contendo apenas um guardanapo de papel absorvente umedecido em uma solução de VITA GOLD POTENCIADO (Laboratório Tortuga) e água na proporção de 20 gotas para 50ml de água efetuando-se a completa hidratação das larvas que foram servidas à matriz de n° 05 a partir do nascimento dos filhotes.
ÁGUA
Todas as cinco matrizes receberam 50ml diários de água filtrada desprovidas de quaisquer aditivos durante os 13 dias da pesquisa. 
 
Por: Dr.Gilson Ferreira Barbosa
Fonte:www.aope.org.br