1. FILHOTE
2. O MELHOR MESTRE
3. APERFEIÇOAMENTO/MANUTENÇÃO DO CANTO
4. PREPARAÇÃO PARA TORNEIO
5. VIAGENS
6. HOTEL
7. DIA DO TORNEIO
8. ESTACA
9. EMOÇÕES NA ESTACA
1. FILHOTES
Quem se dedica a criação de curió de canto praia, na expectativa de
conseguir um curió praia clássico e competitivo, um curió que se aproxime o
máximo da perfeição, sabe o quanto é difícil.
Quando um filhote começa a se
destacar dos demais, com chances de conseguir um lugar entre os notáveis, o seu
proprietário deve se preocupar com que ele não ouça outros, evitando assim que
o filhote promissor desvie sua atenção do “CD” (ou da “Fita”) e passe a emitir
notas indesejáveis.
2. O MELHOR MESTRE
A nosso ver,
o melhor mestre é o CD (ou Fita), pois as notas são sempre perfeitas e
repetitivas, de maneira impecável, o que só é possível mesmo em uma gravação
com os recursos eletrônicos atuais.
Um curió mestre ao vivo, nunca é tão perfeito como o CD, ficando o
filhote sujeito as variações ou deficiências no canto do mestre, uma vez que ao
vivo a influência do mestre sobre o aluno é muito eficiente e marcante,
contudo, raramente o mestre reúne atributos suficientes para ensiná-lo como nós
desejamos, tendo-se em vista a considerável e rigorosa exigência do canto
clássico atualmente. Caso o mestre apresente algum defeito, mesmo que pequeno,
o filhote certamente assimilará esse defeito.
Excepcionalmente, em se tratando de um mestre cujo canto seja
reconhecidamente de alta qualidade, o filhote poderá ouvi-lo durante algum
tempo, porém, assim que demonstrar sua aptidão e talento na aprendizagem e já
ser perceptível a emissão de algumas notas, deverá ser isolado e submetido ao
aprimoramento do canto exclusivamente através do CD.
Quando um filhote é talentoso e está prometendo ser um futuro campeão,
expô-lo como mestre, deixando outros filhotes ouvi-lo, na esperança que
aprendam com ele, também não é prudente. Seria um risco muito grande; o aluno
poderá estragar o suposto mestre.
3. APERFEIÇOAMENTO/MANUTENÇÃO DO CANTO
O proprietário mantenedor (ou criador) que conseguir um filhote
prodigioso e competitivo, deverá se dedicar para o aperfeiçoamento e manutenção
do canto do mesmo, uma vez que, embora com grande potencial e já demonstrando
sua qualidade, poderá a qualquer momento desviar o seu canto ou assimilar notas
estranhas.
A preocupação
e cuidado para a preservação do canto do curió clássico são um desafio para seu
proprietário e tais zelos deverão ser por tempo indeterminado.
Quem tem
experiência nesta área sabe que, num único torneio que o proprietário se
descuidar, poderá prejudicar o canto do filhote ou mesmo de um adulto, sendo
que quando adulto, é lógico, o pássaro resistirá mais as influências externas.
4. PREPARAÇÃO PARA TORNEIO
A preparação
de um curió de canto (filhote ou preto) para um torneio não é tão complicada
como alguns podem imaginar, basta ter tempo e dedicação.
Nem todos os
curiós têm o mesmo temperamento, a exemplo de nós humanos. Há aqueles que são
mais extrovertidos e de caráter valente, que cantam em qualquer lugar e com
certa facilidade. Há também, aqueles que sentem a presença de outros e ficam
“mudos”. Parece-nos que mesmo os mais valentes, quando expostos a uma pressão
muito grande de outros, ficam tão agressivos, irritados dentro da gaiola e não
cantam ou, se cantam, o fazem com defeitos.
Baseado
nisso, é interessante que ao prepararmos um curió para um torneio, tenhamos a
preocupação e prever algumas situações que poderão surgir.
Existem
curiós que não cantam ao ver gaiola, mesmo que ela esteja vazia. Neste caso
poderemos treiná-los colocando uma gaiola vazia a uma distância de uns 5 metros longe dele, até
que se acostume e cante.
Outros, só
cantam se mostrar uma fêmea ou “chia”. Cada passarinheiro deve tomar as
iniciativas que melhor se adapte ao seu pássaro com estas características.
Eu,
particularmente, acho que o curió de canto não deve ser condicionado com fêmea
ou com “chia”, pois essa prática poderá alterar seu desempenho natural.
Outra
situação que tem interferido na apresentação de alguns curiós são os galhos das
árvores que geralmente ficam sobre as estacas. Antes de levar um pássaro para
um torneio devemos treiná-lo adequadamente, levando em locais que haja árvores
e deixá-lo dependurado por alguns minutos, até que se acostume e cante.
Recomendamos mudar de lugar a cada 10 ou 15 minutos.
O curió é um
pássaro que domina o seu território e como tal, para cantar em qualquer lugar,
é preciso impor condições para que ele perca a noção dessa demarcação de espaço exclusivo.
Como nos
torneios, nem sempre tem lugar para colocar a gaiola para que o curió solte o
canto, devemos treiná-lo, sempre que possível, colocando-o sobre o carro, visto
que esta poderá ser uma boa opção no dia do torneio.
Nunca, porém,
fazer esses treinos descuidando da parte auditiva do pássaro. Não deixá-lo ouvir por muito tempo
outros pássaros, mesmo que de outras espécies.
É muito
importante nestes passeios levar um toca CD/fita com o qual ele está acostumado,
assim ele não ficará sentindo a ausência de seu mestre (que é o CD).
O uso de capa
na gaiola é imprescindível. O condicionamento do pássaro na gaiola encapada
facilitará o seu manuseio nos torneios. Sempre que sair com seu curió para
treiná-lo não se esquecer de encapar a gaiola e só desencapá-la no momento em
que será dependurada. Ao retirar de um lugar e ir para outro, encapá-la
novamente e assim sucessivamente.
A gaiola
encapada será assimilada pelo curió como seu território. É por isso que muitos
curiozeiros falam em torneios: “Ele estava cantando na capa dentro do carro até
agora, e, na estaca, não abriu o bico”. Isto ocorre certamente porque está condicionado
na capa por muito tempo e quando de seu treinamento não teve aquela alternância
de tira e põe a capa.
Um dia antes do
torneio o curió não precisará ser manipulado, isto é, ser submetido a treinos.
5. VIAGENS
Na viagem,
quando o torneio for em outra cidade, nunca levar outro curió no mesmo carro.
Esta atitude prejudica muitas vezes o desempenho na apresentação daquele que
você mais confia.
Se a viagem
for longa demais, a cada duas horas ou menos, dar uma paradinha, trocar a água,
tirar a capa da gaiola e colocá-la sobre o carro por uns 10 minutos, mais ou
menos, podendo depois seguir viagem.
6. HOTEL
No hotel todo
cuidado é pouco. Geralmente em hotéis indicados pelos Clubes sempre há mais
passarinheiros; alguns têm o costume de tirar os seus pássaros nos arredores do
hotel para dar uma treinadinha. No caso de curió de canto, entretanto, não
convém tirá-lo do apartamento e um toca CD deverá ficar ligado o tempo todo e
se possível também a TV, para fazer algum ruído que dificulte o seu curió ouvir
outros pássaros, que estão em apartamentos vizinhos.
7. DIA DO TORNEIO
No dia do
torneio, tratar o curió normalmente, como se em casa estivesse. Não é
recomendável servir milho verde nem água para banho para não distraí-lo na hora
da sua apresentação.
No recinto do
torneio tomar um cuidado muito especial em estacionar seu veículo. Sempre deixar
o rádio ligado e também o CD que ele está acostumado. Estacionar o carro à
sombra de uma árvore e manter, se possível, certa distância de outros carros
que tenham pássaros; com isso você não vai incomodar ninguém, nem será
incomodado.
Em hipótese
alguma tirar seu curió do carro e dependurar em baixo de uma árvore,
alambrados, muros, arbustos ou galpões, mesmo que encapado, pois esta atitude
certamente vai prejudicar os outros. Lembre-se que este procedimento você já o
fez várias vezes nos treinamentos, lá na sua cidade, não havendo necessidade,
agora, de fazê-lo novamente.
Faltando uns
30 minutos (Quatro ou Cinco números antes do seu curió ser chamado), você
poderá tirá-lo do carro e sempre atento e com o ouvido ligado no canto dos
outros, colocá-lo sobre o carro com parte da capa aberta. Certamente seu curió
irá cantar, pois ele está condicionado a isso, a exemplo do que você tem feito
nos treinos. Se preferir, poderá andar um pouco com ele nas imediações, tomando
sempre o cuidado dele não ouvir, de muito perto, outros pássaros.
Após alguns
minutos, de acordo com sua própria experiência nos treinos e a reação
apresentada pelo curió, você irá perceber se ele está bem ou não, podendo
voltá-lo para dentro do carro, fechando totalmente a capa.
Quando o
número de inscrição do seu pássaro for o próximo a ser chamado e já foi
anunciado pelo juiz o tradicional “Preparar o número...”, você deverá levar o
seu curió (sempre encapado) a uma distância de mais ou menos uns 20 metros da estaca,
entretanto, se preocupando, é claro, que o seu curió não cante e que a gaiola
não fique exposta de maneira que o curió da estaca a veja, evitando-se assim
prejudicar aquele que está terminando de se apresentar.
8. ESTACA
Quando o número de
inscrição do seu curió for chamado pela mesa julgadora, dirija-se ao local da
estaca com o máximo cuidado e atenção, evitando tropeços e batidas bruscas na
gaiola, pois normalmente existem muitas pessoas ao redor da estaca o que
dificulta um pouco sua caminhada com a gaiola.
Chegando à frente da
mesa julgadora, primeiramente entregue sua ficha de inscrição ao mesário. Nunca
retire a capa da gaiola e dependure o curió na estaca, para só depois tomar
esta providência.
Esta precaução evita
que o curió, por estar muito condicionado e valente, cante antes do juiz
anunciar o “tempo”. Esta cantada, nesta hipótese, não seria julgada pela mesa,
embora, a primeira cantada seja, normalmente, a que mais impressiona e que é
aguardada pelos críticos. (Seria como um jogador de futebol chutar um pênalti
antes do apito do juiz, marcando gol, contudo sem validade).
Ainda, antes de tirar a capa da gaiola, dar uma olhadela rapidamente ao
redor para ver se não há alguma gaiola que possa ser vista pelo seu curió, o
que certamente atrapalharia a sua apresentação. Caso haja, reclame ao senhor
juiz, que tomará as providências cabíveis, assim, só dependure a gaiola quando
esta irregularidade estiver sanada.
Aliás, esta falta de
cautela por parte dos passarinheiros, em transitar com gaiolas (mesmo vazias) ou
dependurá-las nas cercas ou arbustos perto das estacas, é uma lamentável falta
de instrução específica aos participantes. Evidentemente, que nenhum expositor
tem a intenção em prejudicar alguém e se o fazem é por inocência.
Agora chegou à hora de
dependurar a gaiola na estaca.
Em baixo da
estaca, com uma das mãos retira-se a capa e dependura a gaiola. Não é
aconselhado colocar a gaiola na mesa para retirar a capa, sendo que a mesa só
deverá ser usada após a apresentação do pássaro.
Entretanto, não perca
muito tempo para dependurar a gaiola, pois no atual Regulamento, após 20(vinte)
segundos que o expositor adentrar no recinto delimitado para a estaca, o tempo
já estará sendo cronometrado.
Neste momento, muito
atento, soltar a gaiola muito lentamente a fim de evitar que ela fique
balançando.
Nunca, para ativar seu
curió, estale os dedos ou passe-os nos arames da gaiola; esta é uma prática que
o curió fatalmente entenderá como uma agressão e desafio e não como um ato de carinho.
Quem é acostumado
fazer este tipo de incentivo, corre o risco de seu pássaro não cantar em sua
frente. Há casos, inclusive, em que o passarinheiro é obrigado a se esconder
para que seu pássaro cante; postura esta conseqüente a este tipo de atitude.
O curió é um pássaro
muito sensível e ao mesmo tempo valente. Por isso é que sempre que estivermos
lidando com ele, mesmo na hora de tratá-lo no cotidiano, devemos fazê-lo com
delicadeza e lentidão para que ele se sinta seguro e que lhe encare como um
amigo (já que nós também achamos que ele é o nosso melhor amigo);
principalmente quando há necessidade de por a mão dentro da gaiola, quando vai
servir água para banho ou milho verde, por exemplo. Fazê-lo de maneira sutil,
calma, delicada e lentamente, sem movimentos bruscos. Não se esqueça que a
apresentação de seu pássaro em um torneio depende muito de você.
Após a sua
apresentação, retire-o da estaca com cuidado para não assustá-lo e dirija-se a
mesa para encapar a gaiola, leve-o de volta para o carro e continue com a mesma
cautela.
A água para banho neste momento é bastante saudável. (porém, a critério
de cada um, respeitando as condições do
clima, é claro).
Quando seu pássaro
estiver cantando na estaca é a hora do seu contentamento ou frustração. A sua
tensão neste momento é indescritível, parece até que muda a personalidade do
passarinheiro e ela é confundida com a do seu pássaro. Se o seu pássaro está se
apresentando bem o passarinheiro vibra de alegria, como se ele é que estivesse
sendo avaliado, contudo, se o pássaro não estiver atingindo o resultado
esperado, fica tão desapontado como se fosse falha pessoal. Se for aplaudido então,
nem se fala. Sente-se como se os aplausos fossem a ele dirigidos; é realmente
uma sensação maravilhosa e indescritível que gratifica e justifica plenamente
toda a sua dedicação e empenho. Não há dinheiro que pague por esta emoção.
É necessário frisar
que o proprietário consciente do potencial e limitações do seu pássaro, não deve
se preocupar com a apresentação dos demais, nem tão pouco com a classificação
final, visto que o mais importante é que o seu pássaro tenha dado o melhor de
si e respeitar que não é todo dia que ele está tão disposto e feliz, como nós
seres humanos.
Agora é só aguardar o
resultado e acatar a decisão do Juiz.
Caso tenha alguma
dúvida sobre o julgamento, após o final do torneio o Senhor Juiz ficará a sua
disposição, por quinze minutos, para lhe dar as explicações que você achar
necessárias ou até mesmo algumas orientações.
Se persistir sua dúvida e entender que ela
lhe dá amparo para protestar quanto ao resultado, poderá fazer sua reclamação
fundamentada e por escrito, endereçada diretamente à Federação.
Esta minha modesta colaboração, está baseada
em experiências próprias vividas nestes mais de 30 anos de torneios, e,
evidentemente, é direcionada àqueles que estão iniciando, pois a maioria dos
expositores conhece profundamente estes e outros procedimentos.
Obrigado pela leitura, espero que
ela traga alguma orientação e utilidade para qualquer situação que ainda não
tivesse sido observada pelos expositores iniciantes.
Antonio Pereira da Silva
Botucatu - SP
E-mail: pereirabotucatu@uol.com.br
Fonte: www.curiodonorte.com.br