Curió - Pássaro canoro amigo do homem! Sua história e sua origem.


Características:

1. Sobre o curió.
2. Sua origem.

Sobre o curió

Nome científico (Oryzoborus angolensis), popularmente conhecido como curió, é uma ave passeriforme da família Emberizidae, nativa do Brasil e muito apreciada pelo seu canto. 
Mede cerca de 13 a 14 cm, sendo que o macho é preto na parte superior do corpo, com apenas uma pequena mancha branca nas asas e sua barriga e peito na cor vinho, sendo a parte interna das asas na cor branca. 
A fêmea e os filhotes são marrons (pardos). As fêmeas ficam um tom mais claro no peito, quando adultas.
Os seus habitats naturais são: florestas subtropicais ou tropicais úmidas de baixa altitude e florestas secundárias altamente degradadas.
Pode ser encontrada nos seguintes países: Argentina, Belize, Bolívia, Brasil, Colômbia, Costa Rica, Equador, Guiana Francesa, Guatemala, Guiana, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, Suriname, Trinidad e Tobago e Venezuela.
- Nome: Curió.
- Outro Nome: Avinhado.
- Nome Científico: Oryzoborus angolensis.
- Significado do Nome: Curió significa na linguagem indígena "Amigo do homem".
- Ordem: Passeriformes.
- FamÍlia: Fringílidas.
- Nome em Inglês: Thick-billed (Lesser) Seed Finch.
- Nome em Espanhol: Semillero Picogueso.
- Alimentação no Habitat Natural: Alimenta-se basicamente de alguns insetos, várias sementes com exclusividade na semente do capim navalha.
- Cor: marrom quando novo. faz a primeira muda de pardo para pardo, com quatro meses, conhecida como muda de ninho ou muda de pardo. Depois de completar em média um ano e meio de idade, suas penas ficam pretas com apenas uma pequena mancha branca na asa e sua barriga e peito fica na cor vinho, sendo que nesta primeira muda poderá ficar todo preto ou com pequenas manchas de preto (maracajá). Na segunda muda, fica todo preto com pequena mancha branca nas asas e sua barriga e peito fica na cor vinho. A fêmea e os filhotes são marrons. As fêmeas ficam um tom mais claro no peito, quando adultas.
- Localização: Todo o Brasil e alguns lugares da América do Sul. Habita as regiões litorâneas brasileiras.
- Tempo de Vida: 30 anos em ambiente doméstico (se bem cuidado) e de 8 a 10 anos em seu habitat, na vida selvagem.
- Tamanho: 13 a 14 cm.
- Época de Acasalamento: Ocorre no mês de setembro até o fim de fevereiro. Dependendo do clima de algumas regiões do Brasil, a temporada vai de agosto até final de março.
- Fêmea - Início do Perído Fértil: 6 meses a 1 ano.
- Período de Incubação: 13 dias.
- Números de Ovos: De 1 a 3 ovos por ninhada.
- Muda (Troca de Penas): Acontece entre março e junho.
O nome Curió na língua Tupi Guarani significa "Amigo do Homem", pois este pássaro gostava de viver perto da aldeia dos índios. Esta característica de se aproximar do ser humano, a sua elegância quando está cantando e a enorme capacidade de disputar pelo canto quem é o dominador do território, e a enorme qualidade de seu canto, fez do curió um amigo muito estimado entre os criadores e amantes de pássaros em geral. 
O curió é um parente muito próximo do bicudo (oryzoborus maximiliani), também excelente cantor, só que um pouco maior e é todo preto e com a mesma mancha branca na asa. O canto de curiós e bicudos é tão apreciado que, nos concursos, essas qualidades são muito importantes.
O Curió aprende a cantar desde pequeno com o pai, porém, os aconselham que os filhotes ouçam o canto do pai, somente se este canto for perfeito. As aves emitem sons que podem exprimir alegria, tristeza, aviso de alerta, dentre outros. Há uma grande variedade de cantos, e varia de região para região, havendo casos de pássaros que emitem até 40 assobios diferentes.
No Brasil já foram encontrados e catalogados mais de 128 cantos diferentes, sendo os mais conhecidos: Praia Grande, Paracambi, Uberaba, Vi-Te-Téu, Goiana e o canto Mateiro (que é o natural do pássaro). 
Quanto a repetição pode ser curto (de 1 a 4) ou longo (mais de 5). O canto mais difundido por todo o Brasil é o chamado Praia Grande Clássico. Esse canto é originário do litoral brasileiro e, atualmente, está extinto na natureza, ou seja, os pássaros selvagens não mais o emitem. Por isso, a preocupação dos criadores de todo Brasil é que seja mantido, em cativeiro, esse tipo de canto.
O curió além de excelente cantor é um imitador nato, por isso, não é aconselhável criá-lo com outras espécies de pássaros, porque ele aprenderá facilmente o canto delas, perdendo assim a pureza de suas notas musicais características. 
O melhor tempo para o curió aprender a cantar é quando novo , até os 3 meses de idade. Colocando o pássaro para escutar o canto de Cd para encarte ou de um mestre (pássaro do plantel que tem o melhor canto), cantando ao vivo, mas também pode aprender depois de velho se ele for cabeça mole (nome dado pelos criadores, um curió que ao escutar um canto diferente do seu troca de canto). 

Sua origem
Existem várias versões sobre a origem do curió. Uma delas muito interessante é que vieram alguns exemplares nos navios que traziam escravos de Angola e Gabão, pois eles gostavam muito deste pássaro, e ao chegar no Brasil, houve uma perfeita adaptação ao nosso clima e vegetação, difundindo a raça por todo o país.
A versão mais afirmada é de ser um pássaro nativo brasileiro.
Já foram encontrados por pesquisadores no México, Equador, Bolívia, Paraguai e Argentina.
Em 1766, o curió recebeu o nome científico por (Linaeus de Oryzoborus Angolensis) equivocadamente, pois foi assimilado a um pássaro de Angola com características bem parecidas.
Há mais de 2 séculos o curió vem carregando o seu nome científico diferente do real, pois em 1944 o ornitólogo Olivério Pinto, o classificou como sendo um pássaro brasileiro de origem do Estado da Bahia.
Os pesquisadores muitas vezes batizavam as aves com seus nomes científicos, analisando somente material colhido, principalmente peles, penas, bicos, ou em peças levadas por caravelas ou navios para a entrada na época deixando de lado, atitudes comportamentais da mesma, tais como alimentação, canto, etc.
Hoje nas matas devido à caça predatória, desmatamento descontrolado, grandes áreas de cultivos, urbanização de áreas, o curió praticamente deixou de existir na maioria das regiões em outrora habitado por esse magnífico pássaro.
Temos acompanhado, porém o grande sucesso dos criadores tido como amadores em seus registros, mas verdadeiros profissionais em seus resultados devido ao amor, dedicação que praticam essa atividade muitas vezes abdicando-se até mesmo do lazer, nos fins de semana, preocupados com a ninhada que recém nasceu, se a fêmea está alimentando, se vai dormir no ninho, etc.
Alguns criadores conseguem marcas incríveis chegando a produzir 6 a 7 filhotes por fêmeas por temporada reprodutiva (fevereiro a março), sendo estas marcas alcançadas por aqueles que criam com poucas matrizes, a medida que aumenta o número de pássaros em seu plantel, o resultado normalmente diminui.
Graças a tal dedicação de tantos amantes desses pássaros, é que passa longe de qualquer hipótese de extinção, pois cresce a cada dia os aficionados, e pessoas interessadas em montar criatórios, por hobby, ou mesmo visando como um negócio que, quando bem administrado, é lucrativo.

Cabe salientar que existe uma “sub-espécie” que chamam de setentrional cujo nome cientifico é Oryzoborus Angolensis Torridus, conhecido por Curió do Norte (Foto acima), caracterizado por um tamanho menor, a cauda um pouco mais curta, o bico um pouco mais curto, e sua plumagem opaca, com penas 100% pretas, sem força no canto, sendo pouco apreciado pelos passarinheiros, pois o seu Biótipo físico o impede de assimilar o canto Praia e outros apreciados, ou ainda de ser um curió valente o suficiente para participar de um torneio de Fibra. 
A alimentação nativa dos curiós é o capim navalha (tiririca), que abunda nas regiões próprias de seu habitat, porém com a chegada dos colonizadores portugueses trazendo o arroz originário da China formando assim lavouras, a ave adaptou-se muito bem a este alimento, principalmente quando em fase de amadurecimento.
Os curiós sempre habitaram as regiões alagadas, de árvores pequenas e afastadas, e justamente estas regiões são as mais propícias para o cultivo de arroz concluímos assim que o curió teve seu habitat usado para este tipo de agricultura e acabou por tornar-se um grande apreciador dessa semente.

Vilson de Souza - Navegantes-SC.