Canto dos curiós - Estímulo no aprendizado do canto dos filhotes.


O canto dos pássaros sempre atraiu a atenção dos homens ao longo da história. Isto custou aos pássaros perseguição, captura, prisão e morte. Custou, também, em alguns casos, a extinção de algumas espécies. 
Felizmente, no Brasil a legislação proíbe a captura de animais silvestres e, pouco a pouco, esta prática este sendo banida de nossa sociedade. 
Contudo, o gosto pelo canto dos pássaros ainda permanece, e uma nova alternativa para tê-los em residências foi desenvolvida. Trata-se da criação de pássaros em ambiente doméstico. Isto pode ser feito desde que devidamente autorizado pelos órgãos competentes. 
Neste universo, um pássaro muito apreciado é o curió. Ele já se encontra quase que extinto em seu habitat natural, mas é muito criado em ambiente doméstico e em criadouros comerciais em quase todos os estado de nosso país. O seu canto é muito apreciado, e estas aves até têm um mercado que movimenta grandes somas de recursos. 
Mas, apenas os curiós com canto apurado e de boa qualidade é que têm grande valor de mercado. Assim, os criadores treinam estes pássaros, desde o seu nascimento até estarem formadas, e os mantêm estimuladas a estarem em forma, por toda a sua vida. 
O treinamento destas aves é muito simples. Logo ao nascerem, ainda muito pequenas, coloca-se um aparelho que reproduz o canto gravado de um curió campeão de canto. Estas gravações são comumente encontradas nas lojas especializadas. Assim, o filhotinho fica ouvindo aquele canto de primeira qualidade o dia todo, desde logo após o nascimento, até sua formação e início da fase adulta. Mesmo após esta fase, ele segue ouvindo esta gravação, de maneira a estimulá-lo a manter seu canto com bom padrão de qualidade. Isto é feito indistintamente para todos os filhotes de curió que nascem. Contudo, nem todos aprenderão a cantar e poucos se tornarão grandes campeões. Apenas os melhores serão campeões, mas o número de curiós ruins de canto será muito menor do que se não os treinássemos. Seguramente, o treinamento melhora a qualidade do canto destas aves; caso contrário, esta prática já teria sido abandonada. 
Este fato acontece com os curiós, mas acontece também com outros animais. O treinamento aprimora suas qualidades, melhora seus desempenhos, produz melhores resultados. E aqui falamos de qualquer animal, incluindo o ser humano. 
O treinamento faz com que as qualidades dos animais sejam potencializadas. Ele não cria qualidades. Se assim o fosse, todos os curiós de uma mesma ninhada seriam grandes campeões. E isto não é verdade. Todos serão melhores do que se não fossem treinados. Isto é, o treinamento melhora os bons, transformando-os em ótimos, os ótimos em excelentes e assim por diante. Poderíamos dizer que o treinamento transforma uma pedra bruta em pedra polida, um diamante bruto em diamante polido, mas não transforma pedra em diamante. 
Como uma pedra polida, em geral, é mais bonita que uma pedra bruta, um diamante polido é mais bonito que um diamante bruto, uma pessoa treinada é melhor que uma não treinada, seja ela uma pedra ou um diamante. 
Agora que temos clareza de que treinar vale a pena, resta-nos saber como fazer isto. O treinamento é uma atividade complexa. Não basta apenas mandar alguém para uma escola, um curso, ler um livro. Isto é importante, mas trata-se de um complemento. O maior treinamento não é feito na escola, no curso, isto é, em ambientes formais. Como com os curiós, ele é feito desde a tenra idade, até o fim da vida. E cabe aos mais velhos este papel de treinar os mais jovens. E aos mais jovens cabe o papel de se curvarem diante da sabedoria e experiência dos mais velhos, coisa que só o tempo dá, que não se aprende na escola. 
Assim, tanto na família como na empresa, os mais velhos têm um papel fundamental de multiplicadores na formação dos mais novos. Devem ter em mente que os mais novos, embora na maioria das vezes se apresentem com grande disposição, ímpeto, conhecimento e trânsito com as novas tecnologias, eles carecem de experiência, sabedoria e, por vezes, podem ser arrogantes. Isto é um perigo para suas carreiras e, por que não dizer, para suas vidas. 
Então, um pai, um chefe, um colega mais experiente, tem o dever de formar os mais novos que chegam à família, à empresa. E este trabalho consiste em ensinar não apenas com palavras, mas, sobretudo, por meio de uma conduta coerente, madura, construtiva e que faça os mais jovens perceberem a diferença de quem sabe e quem não sabe das coisas da vida. Devemos ter em conta que nossas palavras movem, mas nossas atitudes arrastam. 
Assim, todos devem ser educadores pelo exemplo, pela atitude, muito mais do que pelas palavras. Claro que se as palavras forem coerentes com as atitudes, este será o melhor dos mundos. Estaremos ensinando pelo caminho da lógica, mas também, e principalmente, pelo caminho dos sentidos. E este segundo é que mais penetra na alma das pessoas. E esta nossa postura não deve se restringir a uma fase da vida de quem é mais novo. Devemos ter uma postura de ensinar, desenvolver, aprender, o tempo todo. É claro que com os mais novos este cuidado deve ser maior, mas não apenas com eles. 
Se prestarmos atenção veremos que sempre estaremos cercados de filhotes de curiós que precisam aprender a cantar com qualidade. Cantar eles já sabem, por extinto, mas cantar com qualidade, terão de aprender. 

Escrito por Antonio Lazarini. 

Vilson de Souza.